A reunião extraordinária da Câmara Municipal de Lisboa sobre o acidente com o Elevador da Glória terminou, esta segunda-feira, com a aprovação de todas as propostas apresentadas pelo PCP, PS e pela coligação de Carlos Moedas. Entre as propostas está a criação de um portal da transparência, um fundo de apoio às vítimas e a realização de uma segunda reunião extraordinária para ouvir novamente o presidente da Carris.
No fim da reunião extraordinária, o vice-presidente da câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, reconheceu que "é muito importante" promover uma política de "partilha de informação", razão pela qual justifica a aprovação do Portal da Transparência por parte do Executivo camarário.
"Para que a informação e a documentação que seja relevante possa ser disponibilizada", completa.
O número dois da autarquia lisboeta disse também que, no sentido de "olhar para o futuro", a Câmara de Lisboa vai reavaliar aquilo que é necessário "para criar condições de confiança".
Apesar de não ter feito declarações aos jornalistas após a reunião desta segunda-feira, já que saiu a meio, Carlos Moedas "continuará a dar a cara". "Penso que isso não está em causa", apontou, antes de frisar que o autarca não tem fugido às responsabilidades.
Segundo o gabinete do presidente da Câmara, Carlos Moedas saiu da reunião do Executivo municipal pelas 12:00 para se encontrar com a ministra da Saúde no sentido de ter "um ponto de situação sobre os feridos" do descarrilamento do Elevador da Glória.
As críticas da oposição
Ainda à saída do encontro, partidos da oposição não pouparam nas críticas ao presidente da Câmara.
Rui Tavares, porta-voz do Livre, entende que as consequências políticas da tragédia "têm de ser apuradas na sua cadeia hierárquica".
"Quanto, indiretamente, nas centenas de milhões, ou até nos milhares de milhões, em turismo para a cidade estes símbolos trouxeram e por que é não foram cuidados como deveriam ter sido?", questionou o deputado.
Pedro Anastácio, vereador do PS, revelou que, durante a reunião, os socialistas fizeram 22 perguntas, das quais apenas viram respondidas uma. Considera, por esse motivo, que ainda "há muitos aspetos" que precisam de ser respondidos.
"No momento mais trágico dos últimos 60 anos na cidade de Lisboa", o vereador entende que Carlos Moedas deveria ter convocado "mais cedo" a reunião extraordinária.
Para além de uma segunda audição ao presidente da Carris, a proposta do PS incluía ainda a criação de um memorial na Calçada da Glória e de um Gabinete Municipal de Apoio às Vítimas e um Fundo Municipal de Apoio às Vítimas, assim como um painel público de acompanhamento no portal da Câmara de Lisboa
João Ferreira, do PCP, informa que o partido que representa propôs a constituição de uma comissão de avaliação, que procure "reforçar as condições de inspeção e de manutenção".
Também Ricardo Moreira, deputado municipal pelo Bloco de Esquerda, acredita que a manutenção levada a cabo no Elevador da Glória "não servia os interesses da cidade de Lisboa" nem dos turistas.
"Isso é completamente inaceitável. Carlos Moedos disse que daqui ninguém foge, mas hoje fugiu, objetivamente, desta reunião de Câmara, onde os vereadores das forças de oposição estavam a fazer perguntas (...) Esconde-se atrás de toda a gente - do seu vice-presidente e do presidente da administração da Carris. O Presidente da República já foi claro. A responsabilidade política é de Carlos Moedas e Carlos Moedas foge dessas responsabilidades como o diabo foge da cruz."
O elevador da Glória, sob gestão da Carris, descarrilou na quarta-feira à tarde, num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
Com Lusa