Afeganistão

Afeganistão. Joe Biden ameaça talibã com "força devastadora se necessário"

O Presidente norte-americano admite que a situação se desenrolou "mais rapidamente" do que tinha previsto.

Afeganistão. Joe Biden ameaça talibã com "força devastadora se necessário"
Leah Millis

O Presidente dos EUA, Joe Biden, avisou esta segunda-feira os talibãs para não interferirem com o processo de evacuação organizado pelos EUA no Afeganistão, ameaçando com uma "força devastadora, se necessário".

A resposta a um ataque será "rápida e poderosa", afirmou Joe Biden num discurso na Casa Branca em que prometeu defender os cidadãos dos EUA com "força devastadora, se necessário".

Defendeu ainda que "as tropas americanas não podem e não devem combater a guerra, e morrer numa guerra que as forças afegãs não estão dispostas a combater por si próprias".

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► "Demos-lhes todas as opções para determinar o seu próprio futuro"

Joe Biden disse hoje que o país deu "todas as opções" ao exército afegão para combater os talibãs e defendeu que as forças dos EUA não devem morrer numa guerra onde "as forças afegãs não tem vontade de lutar".

"Demos-lhes todas as opções para determinar o seu próprio futuro", afirmou Joe Biden num discurso na Casa Branca, acrescentando que "as forças dos EUA não podem, nem devem, combater uma guerra e morrer numa guerra em que as forças afegãs não têm a vontade de lutar por si próprias".

O Presidente norte-americano salientou também que os adversários internacionais dos Estados Unidos, liderados pela China e Rússia, teriam "amado" que os americanos permanecessem atolados no Afeganistão.

Joe Biden "defendeu fortemente" a sua decisão de retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão, apesar da tomada do poder pelos talibãs em Cabul.

"Após 20 anos, aprendi relutantemente que nunca há uma boa altura para retirar as forças dos EUA", disse o Presidente dos EUA, num discurso à nação.

► "Desenrolou-se mais rapidamente do que tínhamos previsto"

O Presidente admitiu na sua declaração que os EUA não esperavam que a situação se desenrolasse tão rapidamente no Afeganistão.

"A verdade é que isto se desenrolou mais rapidamente do que tínhamos previsto", sublinhou.

Depois de várias ofensivas iniciadas em maio deste ano, na sequência do anúncio dos Estados Unidos da retirada final dos seus militares do Afeganistão, os talibãs conquistaram no domingo a última das grandes cidades que ainda não estavam sob seu poder -- a capital, Cabul -, tendo esta segunda-feira declarado o fim da guerra no Afeganistão e a sua vitória.

O Presidente afegão, Ashraf Ghani, abandonou o país no domingo, quando os talibãs estavam às portas da capital, enquanto os líderes do movimento radical islâmico se apoderavam do palácio presidencial.

A entrada das forças talibãs em Cabul pôs fim a uma campanha militar de duas décadas liderada pelos Estados Unidos e apoiada pelos seus aliados, incluindo Portugal. As forças de segurança afegãs, treinadas pelos militares estrangeiros, colapsaram antes da entrada dos talibãs na cidade de Cabul.

Milhares de afegãos, em Cabul, tentam fugir do país e muitos dirigiram-se para o aeroporto internacional onde a situação é caótica.

A maioria dos países no Conselho de Segurança expressou esta segunda-feira a sua profunda preocupação com a violação dos direitos humanos no Afeganistão e o medo de uma eventual ascensão do terrorismo no país com a subida dos talibãs ao poder.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, que foi o primeiro a falar na reunião de emergência do órgão máximo da ONU, expressou as preocupações partilhadas por grande parte da comunidade internacional.

"Temos de falar a uma só voz para defender os direitos humanos no Afeganistão", disse Guterres, acrescentando que estava preocupado, "em particular, com relatos de crescentes violações dos direitos humanos contra mulheres e raparigas no Afeganistão que temem um regresso aos dias mais negros".

O diplomata português também apelou à comunidade internacional para que evite que o terrorismo se enraíze novamente em território afegão e informou que "em grande medida" o pessoal das Nações Unidas presente no país bem como as suas instalações "têm sido respeitados".

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