Depois de 20 anos, os talibã regressam ao poder de Cabul com os mesmos objetivos: instaurar um Emirado Islâmico no Afeganistão. Mas quem são os talibã? Conheça o percurso deste grupo extremista ao longo dos últimos anos.
Em 10 dias apenas, praticamente sem resistência, os talibã reconquistaram o Afeganistão e controlam agora o país. Em Cabul estão comandantes de há 20 anos e jovens combatentes – alguns veteranos das guerras da Síria e do Iraque.
Todos estão unidos no mesmo objetivo: os estudantes de religião ou teologia querem a instauração imediata de um Emirado Islâmico do Afeganistão e o regresso à ordem política que vigorou entre 1996 e 2001.
Há 20 anos, os talibã eram reconhecidos apenas por três países e condenados pelo resto do mundo, devido ao regime radical em dois terços do território afegão. Com a instauração do Sharia, proibiram as mulheres de estudar e trabalhar, recuperaram os castigos medievais para o roubo e adultério, promoveram execuções públicas de alegados inimigos da religião.
Em nome da purificação do Islão, destruiram todas as estátuas. Chocaram o mundo com a destruição dos centenários Budas gigantes de Bamyian.
Em 2001, depois dos ataques da Al-Qaeda aos Estados Unidos, recusaram entregar Osama Bin Laden. Com a retaliação militar de Washington, os talibã passaram à clandestinidade. Reorganizara-se com o tráfico de ópio, o apoio das populações – sobretudo rurais e fronteiriças – e das lealdades tribais e familiares, que permitiram manter a capacidade de atacar os soldados estrangeiros e afegãos que defendiam a nova ordem imposta pela América.
Regressaram a Cabul, ano e meio depois do acordo de paz assinado por Donald Trump. Escassas semanas após a confirmação da retirada das tropas norte-americanas, dada por Joe Biden. Com o regresso ao poder, os talibã marcam já a carreira política dos dois Presidentes norte-americanos que decidiram terminar a guerra mais cara e mais longa travada pelos Estados Unidos.
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