Há quatro dias que o caminho para o aeroporto de Cabul se transformou em inferno para todos os que tentam escapar: colunas de fumo, barricadas com arame farpado e centenas de homens armados.
Cerca de 4.500 soldados norte-americanos estão a controlar o aeroporto, mas nas vias de acesso aos terminais são os talibã que ditam as regram.
Entre rajadas de metralhadora e violentas debandadas, já morreram várias pessoas, pelo menos 12. Repetem-se ainda os relatos de intimidação sobre os que preferiam estar em qualquer lado menos aqui.
Só nas últimas 24 horas um grupo de 15 países resgatou de Cabul 5.000 pessoas. Mas a pontes aéreas para a Europa, EUA, Austrália ou Japão são uma gota de água perante o mar de gente que se formou nas imediações da pista.
No centro da capital paira o medo, a incerteza e uma calma aparente. Bancos e edifícios públicos permanecem encerrados, mas o comércio que reabriu já sente os efeitos dos novos tempos. Nas ruas há cada vez mais militantes armados, e as mulheres que arriscam sair percebem que não foi apenas o regime que mudou.
O fim da democracia e a vitória do fundamentalismo já calou a música nas rádios e os filmes na televisão. Vinte anos depois o país volta a cair nas mãos de um dos mais temidos grupos radicais do mundo.
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