O major-general Rodolfo Begonha, especialista em segurança e defesa, em entrevista à SIC Notícias, refere que a situação no Afeganistão está a ser ainda mais dificultada pela falta de um Governo no país.
"Era preciso ter um Governo ou nomear um Governo de transição até uma data", defende o especialista em Segurança e Defesa.
Rodolfo Begonha acrescenta também que lhe parece que "foram os americanos que se esqueceram de planear" por acreditarem que "era possível o adiamento como nas negociações normais internacionais".
TALIBÃ NÃO ADMITEM EXTENSÃO DO PRAZO DA RETIRADA MILITAR E DIZEM QUE 31 DE AGOSTO É A "LINHA VERMELHA"
Os talibã exigem que Joe Biden cumpra o prazo anunciado e que as tropas norte-americanas sejam retiradas do Afeganistão até dia 31 de agosto.
Um porta-voz dos talibã disse, esta segunda-feira, que estender além do final de agosto os esforços dos países aliados para retirar pessoas do Afeganistão representa uma "linha vermelha" e provocaria "uma reação".
Desde que os talibã entraram em Cabul, há uma semana, milhares de pessoas reuniram-se perto do aeroporto internacional da capital para tentar sair do país antes de 31 de agosto, data fixada pelo Governo dos Estados Unidos para a retirada final das suas forças no Afeganistão.
Diante do caos da retirada e sob pressão dos aliados, Joe Biden indicou considerar manter os soldados no país além desse prazo, referindo haver "discussões em andamento" sobre o assunto.
Boris Johnson deverá defender esta terça-feira, junto dos Estados Unidos, na cimeira virtual do G7 dedicada ao Afeganistão, uma extensão das operações de retirada em Cabul. Também a França deverá aproveitar a cimeira para pressionar no mesmo sentido.
No aeroporto de Cabul agrava-se a cada dia a situação humanitária das cerca de 6 mil pessoas que ali se encontram, algumas há oito dias, sob um sol escaldante, praticamente sem água e sem comida.