O ciclone tropical Gabrielle irá atravessar o arquipélago dos Açores, entre os grupos ocidental e central. O estado do tempo vai agravar-se a partir do final do dia de hoje, mas a situação mais gravosa será na madrugada de sexta-feira.
O ciclone tropical Gabrielle estava classificado como furacão de categoria 4, o segundo mais grave. No entanto, as previsões apontam para uma perda de intensidade e que chegará aos Açores como furacão de categoria 1. Ainda assim, não é de desvalorizar porque pode provocar danos.
A localização dos Açores torna este território mais propenso a fenómenos meteorológicos deste género.
"As tempestades correm de oeste para leste aqui ao longo destas latitudes. Somos frequentemente atingidos pelas perturbações da frente polar e por estas trajetórias dos furacões tropicais que sobem no Atlântico e depois invertem para leste, de maneira que é frequente passarem por aqui depressões deste género".
Esse risco tem vindo a agravar-se devido ao aquecimento do oceano.
"Com o aquecimento superficial da água do mar, naturalmente que os furacões passam agora com maior intensidade. Eventualmente não será com maior frequência, discute-se isso, mas com maior intensidade de certeza".
El Niño, La Niña e a intensidade das tempestades
O aquecimento global consequência das alterações climáticas influencia o desenvolvimento destes fenómenos.
"Em situações do El Niño, o desenvolvimento vertical do vento decapita, de certa forma, os furacões. Este ano estamos numa fase de transição do El Niño para La Niña, e isso aumenta a probabilidade de furacões mais intensos e consistentes no Atlântico".
Foi esse o caso do Gabrielle, que "começou junto à costa de África, fez o seu trajeto pela Bacia Atlântica, subiu e inverteu para leste, atingindo agora os Açores".
Um futuro com fenómenos mais intensos
A tendência é clara: o aquecimento global está a tornar fenómenos como furacões, tempestades e precipitações intensas mais fortes.
"Estamos numa fase de aquecimento do planeta e agora mais intensamente devido à ação humana, como está mais provado, e os Açores não estão isentos desse fenómeno global".
Embora o oceano Atlântico exerça algum efeito de regulação térmica, suavizando certas alterações, outros impactos são inevitáveis: "No caso dos Açores, o que mais nos preocupa é a questão das tempestades, da precipitação intensa e da agitação marítima".