Eleições Autárquicas

Inês de Medeiros recandidata-se a Almada e elege habitação como uma das suas prioridades

Inês de Medeiros, candidata socialista à Câmara Municipal de Almada, apresentou a sua recandidatura focando na habitação como prioridade. Prometeu ultrapassar os 6% de habitação pública no concelho até ao final do mandato, destacando os progressos já realizados e os projetos em curso. Criticou a inoperância do IHRU relativamente a um bairro ilegal e abordou questões de higiene urbana, manifestando preocupação com os custos elevados associados à gestão de resíduos.

Inês de Medeiros recandidata-se a Almada e elege habitação como uma das suas prioridades
MÁRIO CRUZ

A habitação é uma das prioridades da candidata socialista à Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, que anunciou esta terça-feira querer ultrapassar os 06 % de habitação pública no concelho até ao final do mandato.

Inês de Medeiros, presidente da autarquia de Almada desde 2017 e que se recandidata para o terceiro mandato, apresentou esta terça-feira numa sessão pública a sua candidatura para as próximas autarquias a 12 de outubro com o lema "O Plano A é Almada", na qual participou o secretário-geral do PS, José Luis Carneiro.

"Neste momento em que me apresento como candidata a um terceiro mandato da presidência da Câmara Municipal de Almada, tenho plena consciência que seremos avaliados, não apenas pelo que prometemos, mas sobretudo pelo que cumprimos ao longo destes oito anos", disse a candidata elogiando o trabalho dos autarcas de todo o país, independentemente da forças politicas que representam, por nos últimos oito anos terem sido confrontados com desafios que não esperavam, entre os quais a pandemia, a instabilidade política e a transferência de competências.

Ao se referir à questão da habitação, Inês de Medeiros disse que este é provavelmente o maior desafio de Almada de há muitas décadas, indicando que nos últimos oito anos começou "a arrumar a casa" criando um regulamento de atribuição de fogos municipais, garantido "que as habitações municipais são, de facto, atribuídas a quem mais precisa", atualizando as rendas e combatendo as ocupações indevidas.

Ao nível da construção e da requalificação, também já com o Plano de Recuperação e Resiliência, Inês de Medeiros disse que foram entregues 350 chaves e que existem mais 270 casas em construção ou com projetos já concluídos para lançar.

Para a habitação acessível, ao abrigo do protocolo assinado com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) em 2019, adiantou, estão em curso obras de construção de 620 casas e em preparação de empreitada mais 520.

"Com este esforço do parque público em Almada e os incentivos e regras presentes na proposta de revisão do Plano Diretor Municipal contamos ultrapassar os 6% de habitação pública no nosso concelho até ao final do mandato e assim ser uma referência para que a realidade nacional siga o exemplo de Almada", frisou.

Na sua intervenção a candidata socialista e atual presidente da autarquia de Almada fez ainda referência ao que classifica de crescimento descontrolado de um bairro ilegal em terrenos do Estado acusando o IHRU de "total e escandalosa inoperância".

"Falo, como muitos de vós saberão, dos terrenos de Penajóia e de Raposo. Quero ser muito clara, o drama que ali se vive, que é um drama, tem de ser resolvido por quem permitiu que ele acontecesse e até impediu a Câmara Municipal de Almada de atuar quando ainda se podia atuar", disse Inês de Medeiros.

A autarca garantiu que a Câmara Municipal de Almada não deixará de pressionar o IHRU e que estará "intransigentemente ao lado da população residente dos bairros envolventes, como o bairro Amarelo, o bairro Branco, o bairro do Matador e o próprio velho bairro do Raposo".

"Estamos ao lado daquelas populações que também sofrem com o que ali se passa. Não pactuamos, nem aceitamos os negócios escandalosos que ali florescem, mais uma vez, explorando quem é mais vulnerável, quem é mais frágil, e por isso faremos tudo o que está ao nosso alcance para que o Governo, de uma vez por todas, cumpra aquela que é a sua obrigação e missão, que é garantir o direito constitucional à habitação digna para todos. Nós estamos a cumprir a nossa, junto dos almadenses", disse.

Na sua intervenção Inês de Medeiros fez ainda referência à higiene urbana, indicando que foi feito investimento nesta área mas que os esforços não são suficientes porque o sistema que impera sobre os municípios, os encargos que representa e as taxas que é preciso pagar é dinheiro que não pode ser investido no concelho.

"Oitenta por cento do nosso orçamento da higiene urbana (12 milhões de euros), tirando recursos humanos, não vai para a causa pública, vai para um empresa privada que não cumpre o que tem de fazer, chamada Amarsul. Isto não é sustentável para nenhum município", disse adiantando que "não pode ser à custa dos municípios que Portugal vai cumprir as metas da Europa".

Inês de Medeiros disse acreditar que a 12 de outubro haverá uma grande vitória não só do PS, mas também das forças democráticas "contra os que apenas difundem o ódio e alimentam as frustrações e que envergonham todos os dias por não respeitarem os princípios mais basilares da boa educação, da convivialidade e da dignidade humana".

"É contra esses também que nos candidatamos. Estamos sempre disponíveis para falar com quem defende os valores democráticos, nunca aceitaremos quem não os defende e aqui estaremos de pé firme para lutar contra aqueles que não queremos em Almada", salientou.

O atual executivo municipal liderado por Inês de Medeiros é composto por cinco eleitos do PS, quatro da CDU, um do BE e um do PSD. Tanto em 2017 como em 2021, PS e PSD fizeram um acordo para formar uma maioria absoluta no executivo.

O concelho de Almada tem perto de 184 mil habitantes, distribuídos por 70 quilómetros quadrados, segundo o Instituto Nacional de Estatística.