Ondas de calor mais prolongadas, maiores secas, menos áreas e produções agrícolas, mais recifes de coral em perigo, são "apenas" algumas das consequências do aumento da temperatura provocada pelas alterações climáticas, revela uma extensa investigação na Alemanha.
O Acordo de Paris contra as alterações climáticas, concluído em dezembro com o consenso de 195 países mais a União Europeia, tem como principal objetivo a manutenção da subida da temperatura média abaixo dos 2ºC. Mas muitos cientistas defendem que deveria ser 1,5ºC em relação à era pré-industrial.
A verdade é que os anos de 2014 e 2015 bateram recordes de temperaturas elevadas, com os primeiros meses de 2016 a registar os valores mais elevados em relação aos mesmos meses de anos anteriores. Em fevereiro, a temperatura global foi 1,34ºC acima da média 1951-1980, segundo dados da NASA.
O principal autor do novo estudo, publicado na revista Earth System Dynamics, Carl Schleussner do Climate Analytics na Alemanha, explicou: "analisámos os modelos usados pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas [da ONU]. Tivémos em conta 11 indicadores desde eventos climáticos extremos, acesso a água, áreas de cultivo, degradação dos corais e aumento do nível do mar. Encontrámos diferenças significativas [entre um aumento de 1,5ºC ou de 2ºC] nos impactos".
Assim, 0,5ºC é a diferença entre um valor limite de calor atual para todo um novo regime climático; uma seca com um aumento de 7% ou de 11%; um aumento do nível do mar em 10 cm no cenário mais quente; água perdida, por exemplo no Mediterrâneo, em 9% com um aumento de temperatura de 1,5ºC ,as de 17%, com um aumento de 2ºC.