Desde o 7 de outubro, multiplicaram-se os relatos de que Israel está a bloquear a entrada de bens essenciais na Faixa de Gaza. Mas esta não é uma prática que nasceu após o ataque do Hamas. Telavive já limitava a circulação de mercadores e pessoas entre Gaza e a Cisjordânia pelo menos desde o início da década de 1990.
O bloqueio chegou ao extremo em 2006, depois de o Hamas ter vencido as legislativas da Palestina, conquistando 74 dos 132 assentos. Na altura, Israel já limitava a entrada de alimentos para tentar enfraquecer a popularidade do grupo terrorista.
“A ideia é colocar os palestinianos numa dieta, mas não fazê-los morrer de fome”, disse Ehud Olmert, o então primeiro-ministro israelita, segundo o The Guardian.
A vitória do Hamas teve como resultado um bloqueio permanente e alargado. Uma reportagem do jornal britânico revela que já foram proibidos muito mais do que armas e alimentos.
A lista de materiais - desde folhas de papel A4 a brinquedos - é inusitada e inclui também jornais, cadernos, doces, especiarias, galinhas, cimento, instrumentos musicais e até máquinas de costura. Todos esses itens foram bloqueados entre 2007 e 2010, segundo o Gisha, um grupo israelita de direitos humanos.
A pressão internacional fez Israel aliviar as restrições, ainda que continuasse a existir uma lista de produtos de “dupla utilização”, proibidos porque poderiam ser reaproveitados para uso militar.
Ventiladores, muletas e máquinas de raio X
Na sequência do 7 de outubro, o bloqueio voltou a ser praticamente total. Israel tem negado com frequência a entrada de artigos como ventiladores, anestésicos, muletas, cilindros de oxigénio e máquinas de raios X, segundo noticiou em março a CNN.
Em abril, as Nações Unidas voltaram a acusar o Governo de Netanyahu de bloquear comboios que transportavam ajuda alimentar dentro da Faixa de Gaza, que enfrenta uma catástrofe humanitária.
Segundo a UNICEF, uma em cada três crianças no Norte de Gaza está gravemente desnutrida ou a sofrer de definhamento. No total do território, mais de um milhão de pessoas sofre de fome extrema.