Conflito Israel-Palestina

Análise

"Quando os governos têm vontade de fazer a guerra, não há forma de os impedir"

Pedro Cordeiro, editor de Internacional do jornal Expresso, diz que a ONU "não tem grandes meios para impor a paz". No Médio Oriente, tanto Israel como o Hamas querem continuar a guerra.

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Assiste-se, quase diariamente, aos apelos de paz na Ucrânia e no Médio Oriente. No entanto, as guerras continuam e a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) mostra-se incapaz de solucionar os conflitos, apesar dos esforços de António Guterres.

Pedro Cordeiro, editor de Internacional do jornal Expresso, diz que “é preciso fazer uma gestão de expectativa”, porque “a ONU não tem grandes meios para impor a paz”.

“Quando governos de países e organizações, como Israel e o Hamas, têm vontade de fazer a guerra, não há grande forma de os impedir”.

O jornalista frisa, no entanto, que o Conselho de Segurança das Nações Unidas - composto por 15 membros, sendo 5 permanentes e com poder de veto - tem uma “estrutura datada e ultrapassada”.

“O conselho tem uma dificuldade enorme em reformar-se, porque os menos interessados numa reforma têm o poder de veto [EUA, Rússia, França, Reino Unido e China]. O conselho espelha um mundo que já não é o de hoje”, afirma Pedro Cordeiro.

“Perigo de escalada é grande”

Questionado sobre os rumos da guerra no Médio Oriente, depois de Israel ter intensificado os ataques no Líbano, Pedro Cordeiro considera que “o perigo de escalada é grande”.

“Ouvimos Netanyahu dizer que fará tudo o que for preciso para alcançar os seus objetivos. Não se pode excluir uma invasão terrestre do Líbano neste momento. Por outro lado, é um risco para Israel estar a dividir-se em várias frentes e esticar a manta (…) Há ainda uma possibilidade de resposta do Irão, que continua e continuará a apoiar o Hamas e o Hezbollah".