Coronavírus

Sistema de saúde com sobrecarga no Japão

De acordo com um alerta dos médicos às autoridades.

Sistema de saúde com sobrecarga no Japão
Kim Kyung Hoon

Os médicos japoneses pediram às autoridades que se esforcem para evitar sobrecarregar o sistema de saúde do país, onde o número de casos da covid-19 ultrapassou os 10.000 neste fim de semana, apesar da adoção do estado de emergência.

Os especialistas estão preocupados por, nas últimas semanas, haver centenas de casos de covid-19 detetados diariamente no arquipélago.

Embora o número de infeções no Japão continue muito abaixo dos níveis atingidos pelos países europeus mais afetados e pelos Estados Unidos, o país tem atualmente o terceiro maior número de casos de covid-19 na Ásia, depois da China e da Índia.

O último relatório do Ministério da Saúde do Japão registou 171 mortes em 10.751 casos desde o início da crise, dos quais quase 400 foram detetados nas últimas 24 horas.

O país está, desde a semana passada, em estado de emergência, que abrange todo o território até 06 de maio, depois de inicialmente ter sido limitado a sete regiões.Neste cenário, os japoneses estão em teletrabalho e devem ficar em casa o máximo possível, com o objetivo de reduzir em 70 a 80% o contacto entre pessoas.

O número de passageiros nos comboios e metropolitanos da capital, que geralmente estão superlotados, diminuiu acentuadamente, mas muitas lojas e restaurantes permanecem abertos.

A lei que determina o estado de emergência não obriga ao cumprimento das regras recomendadas, mas "a mensagem pode ser transmitida de maneira muito eficaz, rigorosa e constante, mesmo na ausência de sanções", defendeu hoje o infeciologista da Universidade de Kobe, Kentaro Iwata.

"Precisamos de medidas muito mais eficazes para proteger os hospitais", acrescentou, durante uma conferência de imprensa online.

"O sistema [de saúde japonês] está à beira do colapso em muitas partes do Japão", alertou Kentaro Iwata, que criticou repetidamente a gestão da crise de saúde feita pelo Japão.

A estratégia japonesa de limitar os testes e diminuir os contactos entre pessoas funcionou bem enquanto o número de casos foi baixo, disse.

Mas "era preciso preparar tudo para o caso de a situação piorar e o número de casos aumentar. Era preciso uma mudança imediata de estratégia", o que não aconteceu, criticou Kentaro Iwata.

"No entanto, quer pela tradição, quer pela sua história, o Japão não é muito forte em mudanças de estratégia", notou, referindo que o país "não sabe desenvolver planos B, porque pensar num plano B é admitir que o plano A não funcionou".

O ministro da Saúde japonês admitiu que, em alguns casos, os hospitais não recebem ambulâncias que transportam pacientes com suspeita de estarem infetados com o coronavírus.

"O Japão não construiu um sistema no qual os hospitais comuns consigam receber doentes urgentes com doenças infecciosas, mas os hospitais especializados também não conseguem atender mais doentes", alertou na sexta-feira o presidente da Associação Médica de Tóquio, Haruo Ozaki.

Desde que foi detetado, na China em dezembro passado, o novo coronavírus já provocou mais de 164 mil mortos e infetou mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 525 mil doentes foram considerados curados.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (40.500) e mais casos de infeção confirmados (mais de 737 mil).Seguem-se Itália (23.660 mortos, em mais de 178 mil casos), Espanha (20.453 mortos, mais de 195 mil casos), França (19.718 mortos, mais de 152 mil casos) e Reino Unido (16.060 mortos, mais de 120 mil casos).

Por regiões, a Europa soma mais de 103 mil mortos (mais de 1,1 milhões de casos), Estados Unidos e Canadá mais de 42 mil mortos (mais de 775 mil casos), a Ásia mais de seis mil mortos (mais de 163 mil casos), o Médio Oriente mais de cinco mil mortos (mais de 125 mil casos), a América Latina e Caribe quase cinco mil mortos (mais de 98 mil casos), África 1.091 mortos (mais de 21 mil casos) e a Oceânia com 90 mortos (mais de sete mil casos).

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