Coronavírus

Traficante de droga condenado à morte em Singapura através do Zoom

Decisão do Supremo Tribunal condenada pelas organizações internacionais de direitos humanos.

Traficante de droga condenado à morte em Singapura através do Zoom
YK Chan / AP

Um tribunal de Singapura sentenciou um traficante de droga malaio à pena de morte numa leitura da decisão feita através da popular aplicação de videoconferência Zoom devido ao confinamento da Cidade-Estado por causa da covid-19.

A decisão, tomada pelo Supremo Tribunal local, bem como a forma como foi divulgada, foi, entretanto, já criticada pelas organizações não-governamentais Human Rights Watch (HRW) e Amnistia Internacional (AI), que a consideraram "insensível" e "desumana".

O advogado da defesa, Peter Fernando, disse que o Supremo Tribunal de Singapura anunciou a pena ao seu ciente, Punithan Genasan, numa audiência virtual realizada sexta-feira passada.

O condenado à morte, de 37 anos, foi considerado culpado por ter vendido, em outubro de 2011, pelo menos 28,5 gramas de heroína, crime passível da pena de morte, de acordo com a apertada legislação antidroga das autoridades de Singapura.

Trata-se da primeira vez que a pena capital foi pronunciada no decurso de uma videoconferência, sublinhou o Supremo Tribunal local.

A aplicação de videoconferência Zoom viu subir a sua popularidade em todo o mundo na sequência do confinamento a que a população mundial tem sido sujeita por causa do novo coronavírus, mas várias organizações de defesa e promoção dos direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), têm considerado que esta tecnologia não é apropriada para se pronunciar uma tal sentença.

A pena de morte é, na essência, cruel e desumana e torna-se ainda pior quando Singapura utiliza uma tecnologia como o Zoom para condenar um homem à morte", sublinhou o diretor adjunto da HRW para a Ásia, Phil Robertson.

Por sua vez, a conselheira da AI para as questões ligadas à pena de morte, Chiara Sangiorgio, apelou às autoridades de Singapura a porem termo à pena capital, lembrando que a Cidade-Estado é um dos quatro países em todo o mundo que executa essa sentença por crimes associados ao tráfico de droga.

"Numa altura em que a atenção global está focada no salvamento e na proteção de vidas numa citação de pandemia, a continuação da aplicação da pena de morte é ainda mais abominável", afirmou a responsável da AI.

No meio de toda a polémica, o Supremo Tribunal da Cidade-Estado limitou-se a indicar que a leitura da sentença foi organizada desta forma "para garantir a segurança de todos os implicados" no julgamento.

Tal como na grande maioria de países, Singapura impôs aos seus habitantes um confinamento muito apertado como medida para travar a propagação da covid-19, tendo encerrado as empresas e o comércio não essencial.

A Cidade-Estado conseguiu, numa primeira fase, conter a propagação do vírus, mas faz atualmente face a uma segunda vaga da pandemia, que afeta sobretudo a vasta população de trabalhadores migrantes que laboram em Singapura e que residem maioritariamente em dormitórios, que se tornaram o principal foco da nova onde de contágios.

Até hoje, Singapura registou mais de 29.000 casos de infeção, mas conseguiu limitar o número de mortos, segundo os dados oficiais, a apenas 22.

Mais de 323 mil mortos e mais de 4,9 milhões de infetados em todo o mundo

A pandemia do novo coronavírus já matou pelo menos 323.370 pessoas e infetou mais de 4.910.110 em 196 países e territórios desde o início da epidemia, em dezembro de 2019 na cidade chinesa de Wuhan. segundo um balanço da agência AFP, às 11:00 hoje, baseado em dados oficiais.

Entre esses casos, pelo menos 1.813.300 foram considerados curados.

Os Estados Unidos, que registaram a primeira morte ligada à covid-19 no início de fevereiro, são o país mais afetado em termos de número de mortes e casos, com 91.938 óbitos em 1.528.661 casos. Pelo menos 289.392 pessoas foram declaradas curadas.

Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são o Reino Unido, com 35.341 mortes para 248.818 casos, Itália com 32.169 mortes (226.699 casos), França com 28.022 mortes (180.809 casos) e Espanha com 27.778 óbitos (232.037 casos).

A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou em dezembro, contabilizou 82.965 casos (cinco novos entre terça-feira e hoje), incluindo 4.634 mortes e 78.244 curados.

A Europa totalizou 168.725 mortes para 193.8946 casos e os Estados Unidos e Canadá 97.949 mortes (1.607.773 casos).

A América Latina e as Caraíbas registaram 32.386 mortes (578.921 casos). O Brasil regista mais de metade das mortes (17.971) e quase metade dos casos declarados oficialmente na região (271.628).

A Ásia totalizou 12.879 mortes (384.874 casos), o Médio Oriente 8.384 mortes (299.734 casos), África 2.919 mortes (91.443 casos) e Oceânia 128 mortes (8.426 casos).

Mais 16 mortos e 228 novos casos de Covid-19 em Portugal

A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou esta quarta-feira a existência de 1.263 mortes e 29.660 casos de Covid-19 em Portugal.

O número de óbitos subiu, de ontem para hoje, de 1.247 para 1.263, mais 16, enquanto o número de infetados aumentou de 29.432 para 29.660, mais 228, o que representa um aumento de 0,8%.

O número de casos recuperados subiu de 6.431 para 6452, mais 21 do que ontem.

Há 609 doentes internados, menos 20 do que no dia anterior. 93 encontram-se em Unidades de Cuidados Intensivos, menos 8.

Ministra da Saúde avisa que pode vir a ser necessário um “reconfinamento”

Marta Temido admitiu que o país poderá ter de enfrentar um novo confinamento se a situação da pandemia assim o exigir.

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