Coronavírus

Covid-19: Reino Unido regista 83 mortes e mais 763 novos casos de infeção

O Reino Unido tem o maior número oficial de mortes pelo novo coronavírus na Europa, e o terceiro maior a nível mundial.

London Eye, Londres, Reino Unido
London Eye, Londres, Reino Unido
Alberto Pezzali

O Reino Unido registou mais 83 mortes de Covid-19 e 763 casos de infeção nas últimas 24 horas, anunciaram as autoridades de saúde britânicas.

Durante a pandemia, o país somou até agora 45.961 mortes e 301,455 casos de contágio confirmados.Na segunda-feira o Reino Unido tinha registado 119 mortes e 581 novos casos.

As cidades de Leicester, Bradford e Blackburn são aquelas com surtos mais graves, tendo sido introduzidas algumas restrições, mas sem necessidade de confinamento total.

Hoje, a decisão do governo britânico de instruir os hospitais ingleses a dar alta a cerca de 25 mil de idosos, que regressaram às respetivas casas de repouso sem saber se tinham estavam infetados com o novo coronavírus foi considerada "imprudente" e "terrível" pela Comissão parlamentar das Contas Públicas.

Num relatório publicado hoje, os deputados disseram que a decisão é um exemplo da abordagem "lenta, inconsistente e às vezes negligente" do governo durante a pandemia relativamente ao setor do apoio social.

Reino Unido tem o maior número oficial de mortes na Europa

Os hospitais de Inglaterra foram instruídos a dar alta aos pacientes a 17 de março, mas só no final de abril é que o governo disponibilizou testes para todos os residentes e funcionários dos lares de idosos.

O Reino Unido tem o maior número oficial de mortes pelo novo coronavírus na Europa, e o terceiro maior a nível mundial, atrás dos EUA e Brasil.

Porém, o número verdadeiro já ultrapassou os 55 mil se forem contabilizados os casos cuja certidão de óbito tem referência à Covid-19, mas que não foram confirmados por teste, muitos dos quais em lares de idosos.

Entretanto, o governo britânico anunciou hoje ter assinado um acordo com as farmacêuticas GlaxoSmithKline e Sanofi Pasteur para a compra de 60 milhões de doses de uma potencial vacina contra o coronavírus a ser lançada no primeiro semestre do próximo ano.

Este é o quarto contrato que o governo britânico assinou para a aquisição de possíveis vacinas contra o novo coronavírus, tendo garantido até agora 250 milhões de doses.

Epidemiólogos britânicos defendem fim dos "corredores de viagem"

Os epidemiólogos britânicos David Hunter e Neil Pearce defenderam hoje o fim dos "corredores de viagem" e fazer cumprir quarentena a todas as pessoas que cheguem do estrangeiro para eliminar a presença da Covid-19 no Reino Unido.

Num artigo escrito para o diário The Guardian, os dois académicos dizem que "encorajar as viagens para o estrangeiro no meio de uma pandemia não faz sentido" e que o Reino Unido pode seguir o exemplo da Nova Zelândia ou Coreia do Sul, onde a ausência de casos de infeção permitiu retomar a vida normal, nomeadamente o encontro de famílias, eventos desportivos e atividade económica interna sem restrições.

Além de uma maior eficácia e transparência do sistema de rastreamento, sugerem que seria necessário dar apoio financeiro às pessoas necessitarem de ficar em auto isolamento, e alojamento num hotel, se forem consideradas um risco para a família.

O fim dos corredores aéreos, continuam Hunter, professor na Universidade de Oxford, e Pearce, professor na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, significaria substituir viagens de verão ao estrangeiro por férias no Reino Unido.

"Obviamente, as companhias aéreas internacionais precisarão de subsídios para evitar a falência; também significaria que camiões que chegassem ao Reino Unido teriam de ser conduzidos até aos seus destinos por motoristas britânicos", acrescentam.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 660 mil mortos e infetou mais de 16,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.