Coronavírus

Covid-19. Diretor demissionário do INEM explica porque vacinou funcionários de pastelaria 

Onze trabalhadores de uma pastelaria já tomaram as duas doses da vacina contra a covid-19.

Covid-19. Diretor demissionário do INEM explica porque vacinou funcionários de pastelaria 

O responsável pela delegação do Norte do INEM apresentou a demissão depois de ter sido noticiado que o instituto tinha vacinado contra a covid-19 funcionários de uma pastelaria no Porto. Antes ainda de apresentar a demissão, explicou o que se tinha passado.

António Barbosa recusou qualquer favorecimento, assegurando que se tratou apenas de evitar que as vacinas fossem para o lixo.

Falando hoje aos jornalistas no INEM-Porto, António Barbosa disse que a vacinação dessas pessoas obedeceu apenas a um critério de "disponibilidade e proximidade" e não outro.

Segundo a sua versão, havia mais 11 vacinas preparadas para o pessoal do INEM do que o que se veio a verificar ser necessário e a alternativa ao que determinou seria o desperdício.

"Atendendo o que está descrito na norma, a alternativa a vacinar cidadãos próximos seria descartar, literalmente deitar ao lixo", disse.

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Uma resposta à pedidos de esclarecimento da Lusa referia, contudo, que "os prazos estipulados para administração das vacinas após descongelação e diluição, bem como a logística de todo este processo de vacinação, nomeadamente a exigência de condições de assepsia na sua preparação, não permitiriam a administração destas doses sobrantes a pessoas externas, e em ambientes externos ao INEM".

INQUÉRITO A SUSPEITAS DE IRREGULARIDADES NA VACINAÇÃO DO INEM

Esta sexta-feira foi aberto um inquérito às suspeitas de irregularidades relativas ao processo de vacinação no INEM. O secretário de Estado da Saúde pediu à Inspeção-Geral de Saúde que investigue o caso.

O Instituto autorizou a vacinação de profissionais não prioritários. No entanto, o presidente do INEM garante que foi apenas o aproveitamento de doses que sobraram de profissionais que não podiam ser vacinados, mas a explicação parece não ter sido convincente.

Para além da investigação no INEM, foi ainda determinado uma inspeção mais abrangente em todo o país para verificar se estão a ser cumpridas as normas e orientações do plano de vacinação contra a covid-19.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO CIVIL DENUNCIA QUE INEM TERÁ VACINADO FUNCIONÁRIOS NÃO PRIORITÁRIOS

A Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (APROSOC) denunciou, através de um comunicado, a vacinação profissionais não prioritários no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que já veio esta quinta-feira a público negar as acusações.

Segundo a nota da APROSOC, o presidente do INEM, Luís Meira, "contrariou as indicações do Ministério da Saúde e vacinou dezenas de profissionais não-essenciais e que não são profissionais de saúde".

"Pedro Coelho dos Santos, jornalista e assessor pessoal de Luís Meira, e seu amigo pessoal; Ana Gomes, assessora jurídica do presidente do INEM, bem como todos os diretores por Luís Meira nomeados, foram vacinados, tendo parte deles hoje recebido a segunda dose da vacina", lê-se no comunicado da APROSOC, que referiu ainda outras pessoas vacinadas que não seriam do grupo prioritário.