A Direção-Geral de Saúde recomenda que a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 seja administrada preferencialmente a pessoas com menos de 65 anos. Luís Graça, imunologista e investigador do Instituto de Medicina Molecular, explica que se trata de uma “decisão baseada em prudência” e destaca que a vacina é segura e foi aprovada pela Agência Europeia do Medicamento para todas as faixas etárias.
“Os ensaios clínicos não mostraram que há menos eficácia nessa idade. O que acontece é que, como há poucas pessoas a partir dessa idade [nos ensaios clínicos], nós não temos noção de qual verdadeiramente é o peso da eficácia nesta idade. No entanto, há dados que mostram que pessoas dessa idades conseguem fazer anticorpos semelhantes a pessoas mais novas e, por essa razão, as autoridades do medicamento – a Agência Europeia do Medicamento – não desaconselhou a utilização nestas idades”, esclarece em entrevista à Edição da Tarde.
Luís Graça reforça que “não é prudência em relação à segurança da vacina” e que o fármaco desenvolvido pela AstraZeneca/Oxford “é uma vacina muito segura”. No Reino Unido, este fármaco tem sido aplicado a todos os indivíduos sem qualquer distinção de idade.
Foi também o Reino Unido que anunciou, esta segunda-feira, a possibilidade de aplicar uma terceira dose da vacina de forma a aumentar a proteção contra diferentes variantes do vírus, como a que foi identificada na África do Sul.
“A razão pela qual [o Reino Unido] anunciou hoje [segunda-feira] que está a ponderar a utilização de uma terceira dose da vacina, foi para discutir um cenário de uma eventual menor eficácia da vacina para variantes que ainda não existem no Reino Unido, mas que poderão surgir no futuro. Nomeadamente variantes de vírus como a de África do Sul. Os estudos recentemente conhecidos parecem mostrar que a vacina da AstraZeneca tem uma eficácia menor contra essas estripes de África do Sul, que ainda não são as estirpes dominantes no Reino Unido”, prossegue o imunologista.
Sobre a diferença entre as eficácias das vacinas, Luís Graça identifica “pequenas diferenças” na composição dos fármacos, mas destaca que a principal urgência da União Europeia neste momento é vacinar o maior número de pessoas, de forma a reduzir os contágios, os internamentos e as mortes registadas.
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