A presidente da Comissão Europeia disse hoje que a União Europeia (UE) foi "demasiado otimista" quanto ao ritmo de produção de vacinas contra a covid-19, apelando à indústria farmacêutica para "se adaptar ao ritmo acelerado da ciência".
"Esta luta contra o vírus não está [a ser] como gostaríamos. Demorámos mais tempo na autorização e fomos demasiado otimistas na produção de vacinas e talvez tenhamos mostrado uma confiança de que o produto iria chegar atempadamente e, portanto, temos de tirar ilações", declarou Ursula Von der Leyen.
A presidente da Comissão Europeia, que falava na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Bruxelas, para fazer um ponto de situação relativamente à estratégia da UE sobre a vacinação contra a covid-19 após várias polémicas com as farmacêuticas, insistiu que o bloco comunitário "substimou as dificuldades da produção em grande escala destas vacinas".
Notando que, normalmente, "é preciso cinco a 10 anos" para criar uma vacina e que, desta vez, "isso foi feito em 10 meses", a líder do executivo comunitário vincou que "a ciência ultrapassou a indústria" ao ter conseguido este "grande êxito".
Ursula von der Leyen instou, por isso, as empresas farmacêuticas a "adaptarem-se ao ritmo acelerado da ciência".
Ainda assim, fez questão de sublinhar que "a vacinação na Europa ganhou já um determinado ritmo", apontando que, até ao momento, foram já vacinadas mais de 70 milhões de pessoas.
"E podemos conseguir que uma parte substancial da população adulta da UE seja vacinada até final do verão", adiantou.
Ursula von der Leyen deu ainda como exemplo os processos de vacinação de países como Polónia, Dinamarca e Itália.
Este debate decorreu numa altura de tensão entre Bruxelas e as farmacêuticas, que não deverão entregar as doses acordadas com a Comissão Europeia para estes primeiros meses de 2021 por não terem capacidade de produção suficiente para os 27 Estados-membros, o que já levou a atrasos na distribuição.
Para tentar colmatar este problema, Ursula von der Leyen lembrou que foi já criado um grupo de trabalho gerido pelo comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, para "ajudar a resolver as dificuldades" detetadas pelas farmacêuticas e, assim, aumentar a capacidade de produção de vacinas no espaço comunitário.
Apesar de admitir que "a produção de vacinas é um processo complexo", a responsável recordou às empresas farmacêuticas que "há milhões de euros investidos" por parte da UE.
Outro dos pontos destacados por Ursula von der Leyen no seu discurso assentou no tempo que uma vacina para a covid-19 demora até ter 'luz verde' do regulador europeu.
"Fizemos uma escolha de não optar por atalhos em termos de segurança ou de eficácia e assumimos essa escolha na íntegra", mas "isso significa que a aprovação demora três a quatro semanas adicionais", desde a realização do pedido de comercialização, admitiu.
Ainda assim, para a líder do executivo comunitário, este processo conduzido pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) "é essencial para a confiança e segurança".
Para tentar reduzir este tempo de aprovação, Ursula von der Leyen anunciou uma nova rede europeia sobre testes clínicos, que permitirá aos Estados-membros partilharem dados com a EMA.
"Este quadro regulamentar irá permitir à EMA examinar as vacinas o mais depressa possível", adiantou.
Portugal com 14.557 mortos e mais de 770 mil casos de infeção
Em Portugal, morreram 14.557 pessoas dos 770.502 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da DGS.
O pico da terceira vaga da pandemia de covid-19 foi atingido em Portugal a 29 de janeiro com 1.669 casos cumulativos a 14 dias por 100 mil habitantes, estando o país agora numa "tendência decrescente", segundo o especialista André Peralta, da Direção-Geral de Saúde (DGS).
Mais de 2,3 milhões de mortos no mundo
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.325.744 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,4 milhões de casos de infeção.
Os países mais afetados continuam a ser os Estados Unidos, o México, a Índia Brasil .
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Links úteis
- Atualização semanal da execução do Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19
- Universidade de Oxford - dados sobre evolução das vacinas contra a covid-19
- Bloomberg - listagem que permite seguir o número de vacinas já administradas no mundo
- Especial sobre o novo coronavírus / Covid-19
- Covid-19 DGS/Ministério da Saúde - mapa dos números
- Covid-19 DGS - relatórios de situação diários
- Linha SNS24
- Direção-Geral da Saúde (DGS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças
- London School of Hygiene & Tropical Medicine (gráfico que mostra o progresso dos projetos de vacina)