O Presidente da República admitiu esta segunda-feira que o país poderá manter-se em estado de emergência até ao final do maio, mesmo com o plano de desconfinamento em vigor.
"Havendo um plano de desconfinamento até maio quer dizer que há atividades confinadas parcialmente até maio. E, portanto, é muito provável que haja estado de emergência a acompanhar essa realidade, porque o estado de emergência legitima aquilo que, com maior ou menor extensão, são restrições na vida dos portugueses", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Lisboa.

O Presidente da República, que falava no final de uma visita à Escola Básica Parque Silva Porto, em Benfica, deu como certa a renovação deste quadro legal durante esta semana: "Eu decretarei a renovação do estado de emergência e falarei depois ao país".
O diploma "será sensivelmente igual ao decreto anterior", adiantou Marcelo Rebelo de Sousa.
Antes, o chefe de Estado referiu que na terça-feira de manhã haverá nova sessão com especialistas sobre a evolução da covid-19 em Portugal e que nessa tarde começará a ouvir os partidos com assento parlamentar, até quarta-feira, sobre a renovação do estado de emergência.
Marcelo apoia retoma do ensino presencial e espera abertura sem "avanços e recuos"
A visita do Presidente da República a uma uma escola básica em Lisboa ocorreu em sinal de apoio à retoma do ensino presencial como "peça essencial no processo de abertura", que disse esperar que não seja de "avanços e recuos".
Uma semana depois da reabertura de creches, jardins de infância e escolas do primeiro ciclo, Marcelo Rebelo de Sousa esteve cerca de duas horas na Escola Básica Parque Silva Porto, em Benfica, que tem ensino bilingue de alunos surdos.
Segundo o chefe de Estado, esta visita "quer significar a importância do ensino presencial, do convívio presencial" e "para isso foi escolhida uma escola, um agrupamento escolar muito especial", que "é um exemplo de integração a todos os níveis e também de afirmação do papel da escola".
"A escola tem um papel essencial. Foi bem escolhido da parte do Governo - e teve o apoio do Presidente da República - o ser a escola uma peça essencial no processo de abertura", afirmou aos jornalistas.
Marcelo Rebelo de Sousa participou em trabalhos de artes plásticas, numa aula de percussão com alunos surdos e assistiu sentado entre as crianças à Hora do Conto com língua gestual, no final da qual um rapaz lhe perguntou: "Por que é que tu fechaste as lojas?".
"Estão quase a abrir. A algumas já se pode ir comprar, mas qualquer dia já podem abrir mais, depois das férias da Páscoa já abrem mais", respondeu o Presidente da República.
Em declarações à comunicação social, o chefe de Estado quis deixar "uma palavra de esperança" em relação ao processo de desconfinamento e manifestou o desejo de que "seja possível depois da Páscoa ir abrindo de acordo com o calendário já conhecido as escolas de todo o país, e a atividade social, comunitária, económica de todo o país".
"Para isso é fundamental que os portugueses, quer no período que se avizinha da Páscoa, quer depois, com a abertura progressiva, compreendam a importância do passo que está a ser dado. Todos nós queremos que seja um passo o mais definitivo possível, que não seja um avanço para um recuo, porque já tivemos a experiência de avanços e recuos", acrescentou.
"A UNIÃO EUROPEIA É UMA UNIÃO, NÃO UM SOMATÓRIO DE EGOÍSMOS"
Sobre a suspensão da vacina da AstraZeneca, o Presidente da República deixou críticas aos países por terem decidido por si mesmos interromper a administração de vacinas e insistiu que é preciso atuar em conformidade no plano europeu.
Marcelo Rebelo de Sousa revelou ainda que já recebeu as duas doses da vacina da Pfizer.