Coronavírus

Covid-19: todas as regiões com Rt superior a 1

Variante Ómicron representa quase 83% dos casos em Portugal.

Covid-19: todas as regiões com Rt superior a 1
Armando Franca

O agravamento da pandemia deverá provocar maior pressão sobre o sistema de saúde e a mortalidade, alertam as "linhas vermelhas", que avançam que o Centro já ultrapassou o nível de alerta de ocupação em cuidados intensivos.

"É provável um aumento de pressão sobre todo o sistema de saúde e na mortalidade. A sua magnitude é ainda incerta, mas resultará do rápido aumento do número de casos e será condicionada também pela provável menor gravidade da infeção pela variante Ómicron e pelo efeito protetor da vacinação, em especial da dose de reforço", refere a análise de risco da pandemia.

Segundo o relatório semanal da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), na terça-feira os 151 doentes com covid-19 internados em cuidados intensivos representavam 59% do limiar crítico de 255 camas ocupadas, valor que demonstra uma "tendência estável" deste indicador.

Com 37 doentes em cuidados intensivos, o Centro é a região que apresenta maior ocupação de unidades de cuidados intensivos (UCI), estando já com 109% do nível de alerta de 34 camas, seguida do Algarve (78%) e do Norte (69%).

O nível de alerta definido corresponde a 75% do número de camas disponíveis para doentes de covid-19 em medicina intensiva para Portugal continental.

A gestão da capacidade do Serviço Nacional de Saúde pressupõe uma resposta em rede que, no caso da medicina intensiva, significa que as necessidades regionais podem ser supridas com respostas de outras regiões com maior capacidade, refere o documento.

De acordo com as autoridades de saúde, o grupo etário com mais internados em UCI é o dos 60 aos 79 anos (92 doentes), no qual se observa uma tendência estável desde as últimas semanas de novembro.

As "linhas vermelhas" indicam ainda que, na quarta-feira, mortalidade específica por covid-19 foi 21,1 mortes em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a uma diminuição de 3% relativamente ao último relatório e indicando uma tendência estável.

"Este valor é superior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias um milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), indicando um impacto elevado da epidemia na mortalidade", refere a análise de risco da pandemia.

A análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica do coronavírus de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional, com Portugal a registar uma incidência cumulativa a 14 dias de 1.206 casos por 100 mil habitantes.

O grupo etário com incidência mais elevada correspondeu às pessoas entre os 20 e 29 anos, com 2.327 casos por 100 mil habitantes, avança o relatório, que indica também que a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 6,7%, quando na semana anterior era de 3,4%, encontrando-se acima do limiar definido de 4% e com tendência crescente.

TODAS AS REGIÕES COM RT SUPERIOR A 1

Todas as regiões apresentam um índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus superior a 1, com o Norte a registar a subida mais acentuada nos últimos dias.

O relatório do INSA avança que a média a cinco dias do Rt - que estima o número de casos secundários de infeção resultantes de uma pessoa portadora do vírus - tem registado um "aumento acentuado" desde 12 de dezembro, sendo agora de 1,35 a nível nacional.

Por regiões, este indicador é mais elevado em Lisboa e Vale do Tejo (1,42), seguindo-se o Norte (1,40), os Açores (1,39), o Alentejo (1,28), a Madeira (1,26), o Centro (1,18) e o Algarve (1,06).

"Portugal apresenta a taxa de notificação acumulada de 14 dias superior a 960 por 100 mil habitantes e um Rt superior 1, ou seja, taxa de notificação muito elevada e com tendência crescente", refere o relatório.

O número médio de casos diários infeção nos últimos cinco dias aumentou para 12.407 no país, quando na semana anterior era de 5.255, sendo mais elevado em Lisboa e Vale do Tejo (5.888), seguido do Norte (3.876), do Centro (1.389), do Algarve (370), do Alentejo (283), da Madeira (363) e dos Açores (115).

VARIANTE ÓMICRON CONTINUA A GANHAR FORÇA

A variante Ómicron é dominante em Portugal e representa 82,9% dos casos diagnosticados. A proporção de testes positivos quase duplicou numa semana: é agora de 6,7%.

Apesar dos internamentos revelarem uma tendência estável, o relatório do Instituto Nacional Ricardo Jorge avisa para uma aumento provável da pressão sobre o SNS e sobre a mortalidade.

"Desde 6 de dezembro, tem-se verificado um crescimento exponencial na proporção de casos prováveis da variante Omicron, tendo atingido uma proporção estimada de 82,9% no dia 29 de dezembro", referem as "linhas vermelhas" da pandemia da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Segundo o relatório hoje divulgado, entre 22 e 28 de dezembro, 61% dos casos notificados foram isolados em menos de 24 horas, quando na semana anterior este valor estava nos 84%.

Além disso, 39% de todos os casos notificados tiveram todos os seus contactos rastreados e isolados em 24 horas, avança a análise de risco das autoridades de saúde, que refere que, nos últimos sete dias, estiveram envolvidos diariamente no rastreamento, em média, 638 profissionais a tempo inteiro, mais 148 do que na semana anterior.

"A capacidade de rastreamento de contactos de casos revela sinais de pressão", alerta o documento.

Na terça-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, estimou que Portugal deverá atingir 37 mil novos casos de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2 na primeira semana de janeiro, devido à variante Ómicron, considerada pelos especialistas mais transmissível do que a Delta.

Já no que se refere à incidência acumulada de novos casos a 14 dias, o relatório do INSA indica que as regiões Norte, Lisboa e Vale do Tejo, Algarve e Madeira apresentam a taxa de incidência superior a 960 por 100 mil habitantes, enquanto o Centro e o Alentejo estão entre os 480 e 959,9 casos e os Açores entre as 240 e 479,9 infeções.

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