Alterações Climáticas

Degelo da Gronelândia fez subir 2,2 mm o nível do mar em dois meses

Análise dos dados obtidos por satélites revelam enorme perda de gelo no ano mais quente alguma vez registado no Ártico.

Degelo da Gronelândia fez subir 2,2 mm o nível do mar em dois meses
Lucas Jackson

A última década foi a mais quente desde que há registos e o verão de 2019 foi tão quente que derreteu cerca de 600 mil milhões de toneladas de gelo da Gronelândia, o que fez subir o nível do mar em 2,2 milímetros em apenas dois meses, revela o mais recente estudo.

Os cientistas calculam que a enorme camada de gelo da Gronelândia perdeu uma média de 268 mil milhões de toneladas de gelo entre 2002 e 2019 - menos de metade do que perdeu só no último Verão.

O degelo e consequente perda de glaciares fazem com que a água dos mares suba, colocando em risco as cidades e vilas costeiras de todo o mundo.

"Já sabíamos que o Verão passado tinha sido particularmente quente na Gronelândia e que a camada de gelo estava a derreter, mas os números são enormes", lamenta a cientista Isabella Velicogna em declarações ao The Guardian.

Velicogna é professora de ciências do sistema terrestre da Universidade Irvine da Califórnia e principal autora do novo estudo que analisou os dados da missão de satélite Gravity Recovery and Climate Experiment (Grace) da NASA e da sucessora mais atualizada, Grace Follow-On.

Perda de gelo na Gronelândia entre 2002 e 2016

Dados da missão Grace.

Gronelândia perdeu sete vezes mais gelo nos últimos 10 anos do que na década de 90

Os glaciares estão a derreter em todo o mundo devido ao aquecimento global causado pela crise climática provocada pela ação do Homem.

Na Gronelândia, o gelo está a perder-se a um ritmo sete vezes mais rápido do que na década de 1990, revelaram cientistas no ano passado.

Os cálculos foram refeitos e agora as estimativas apontam para 400 milhões de pessoas em risco de inundação todos os anos até o final do século.

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Temperaturas batem novo recorde na Antártida

As mais recentes investigações sobre o gelo na Antártida, a maior camada de gelo da Terra, também mostram que está a perder massa a um ritmo galopante.

"Na Antártica, a perda de massa no oeste prossegue, o que é uma péssima notícia para o aumento do nível do mar", referiu Isabella Velicogna. "Mas também observamos um aumento de massa no setor Atlântico do leste da Antártica por causa do aumento da neve, o que ajuda a mitigar a enorme perda de massa que vimos nas últimas duas décadas noutras partes do continente".

Numa altura em que o mundo está extremamente preocupado com a pandemia de Covid-19, este novo estudo vem mais uma vez demonstrar os perigos do aquecimento global descontrolado.

Estão prevista importantes negociações diplomáticas sobre o clima ainda este ano em Glasgow, mas talvez sejam canceladas como tantos outros projetos pelo mundo devido à pandemia.