Crise Migratória na Europa

A angústia de uma mãe que não tem notícias do filho, retido na fronteira da Bielorrússia

Viúva e com seis crianças para alimentar, espera que o filho mais velho consiga chegar à União Europeia.

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O primeiro-ministro polaco apelou à NATO para que sejam tomadas medidas concretas para resolver a crise de migração na fronteira com a Bielorrússia. Milhares de pessoas permanecem na zona há vários dias, com temperaturas negativas, à espera de uma oportunidade de chegar à União Europeia.

Há vários dias que Zarin Soleiman não tem notícias do filho, retido há mais de uma semana na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia. Zarin é curda iraniana e vive em Qaladize, no norte do Iraque, onde o filho de 20 anos trabalhava como pastor ou na recolha do lixo até decidir partir para a Europa em busca de oportunidades.

“Pedi 12 mil dólares emprestados a familiares no Irão. Combinámos que eles me vão emprestar o dinheiro e quando o meu filho chegar, ele vai trabalhar para lhes pagar de volta. Também tinha um terreno que vendi para dar dinheiro ao meu filho”, conta.

Kamaran decidiu seguir para a Bielorrússia quando soube que milhares de migrantes africanos e do Oriente Médio estavam a viajar para Minsk como turistas com o objetivo de entrarem via Polónia na União Europeia.

“Não estou bem, psicologicamente, porque o meu filho está lá e eu não posso fazer nada e todos os dias recebo más notícias”.

Viúva e com seis crianças para alimentar, espera que o filho mais velho consiga chegar à União Europeia e arranje forma de enviar dinheiro para a família, mas a angústia de Zarin agravou-se com as notícias da morte de dois migrantes curdos do Iraque, na noite passada, na floresta gelada junto à fronteira onde milhares de pessoas permanecem sem água nem comida.

Este sábado, um grupo de cerca de 50 migrantes tentou entrar na Polónia e foi empurrado pela guarda polaca para o lado da Bielorrússia e colocado num acampamento entre duas vedações de arame farpado. As imagens foram divulgadas pelas autoridades bielorrussas.

Minsk está a ser acusada de usar os migrantes como arma de arremesso contra os 27, como resposta às sanções económicas.

Este sábado, numa entrevista a uma revista russa, o ditador bielorrusso manifestou vontade de implantar os sistemas de mísseis russos Iskander com capacidade nuclear no sul e na zona oeste do país. Lukashenko não disse se tinha tratado o tema com o kremlin e o ministério da Defesa russo não comentou.

O Governo nacionalista polaco continua a mobilizar cada vez mais forças de segurança e veículos militares para a fronteira, para fazer frente a migrantes desarmados, numa situação de enorme vulnerabilidade - entre eles centenas de crianças - e tem recebido total solidariedade da União Europeia.

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