Crise no CDS-PP

Presidente do Conselho Nacional do CDS diz estar tranquilo, mas reconhece cenário preocupante

Presidente do Conselho Nacional do CDS, Filipe Anacoreta Correia, sobre a crise no partido.

Presidente do Conselho Nacional do CDS diz estar tranquilo, mas reconhece cenário preocupante
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O presidente do Conselho Nacional do CDS, Filipe Anacoreta Correia, considera que o Conselho Nacional foi "absolutamente claro e legítimo" e recorreu a episódios do passado "paralelos" para criticar declarações e saídas do partido. O responsável disse ainda estar tranquilo sobre a regularidade do funcionamento do CDS.

Em conferência de imprensa, Filipe Anacoreta Correia defende que tem o dever de "prestar esclarecimentos".

"Até ao momento, no Conselho Nacional, não fomos notificados de qualquer decisão no sentido minimamente comparável a uma sentença, parecer ou deliberação institucional", afirma.

O responsável adianta que receberam apenas "dois emails sobre uma decisão", mas salienta que não receberam "qualquer decisão com relatório".

"É inexistente qualquer decisão do Conselho Nacional de Jurisdição", acrescenta.

"O Conselho Nacional foi absolutamente claro e legítimo", afirma.

"Falhas graves" e factos com "bastante estranheza"

Filipe Anacoreta Correia fala em "falhas graves" e diz que "alguns factos causam bastante estranheza":

"A relatora desta decisão estará em manifesta violação da lei, dos estatutos, que determina que tem absoluta autonomia e independência".

Sobre algumas afirmações que falavam em "golpe de estado", o presidente do Conselho Nacional recorre ao passado para lembrar que já aconteceram episódios "equivalentes".

"Golpe de estado? Foram os mesmos envolvidos em processos equivalentes no passado", afirma, exemplificando com uma reunião de 5 de julho de 2013, convocada com menos de 24 horas de antecedência.

"A reunião tinha precisamente o mesmo objeto e era assinada pelo Dr. António Pires de Lima".

"Tenho absoluta tranquilidade, serenidade em relação à regularidade do funcionamento do CDS", afirma.

Reconhece que crise no CDS é preocupante

Este domingo em declarações aos jornalistas, diz ainda lamentar a saída de alguns militantes. No entanto, refere que o partido "não se confunde com essas personalidades".

O presidente do Conselho Nacional do CDS reconhece ainda que o cenário no CDS é preocupante.

Sobre Nuno Melo, diz apenas:

"Habitualmente, em grandes encontros, as equipas que perdem atribuem culpas aos árbitros. Estou disponível para assumir os custos".

O candidato à presidência do CDS Nuno Melo vai pedir a nulidade das deliberações do Conselho Nacional que decorreu sexta-feira, considerando que a reunião foi "o último ato da maior indignidade" da história do partido.

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António Pires de Lima anuncia saída do CDS

O histórico militante do CDS-PP António Pires de Lima anunciou este sábado, numa entrevista à SIC Notícias, a desfiliação do partido.

"Faço-o com enorme tristeza. Não tenho condições interiores de continuar a ser militante depois do que aconteceu", disse.

António Pires de Lima considera que o "partido bateu no fundo" e que é "fim da linha".

"A partir de amanhã deixarei de ser militante do CDS", adiantou.

"Voto no CDS desde os meus 18 anos, mas aquilo que se passou nas últimas 48 horas tem consequências", afirmou.

Aos 59 anos, o antigo ministro da Economia deixa o partido do qual foi vice-presidente entre 2004 e 2005, tendo sido o braço direito de Paulo Portas.

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ADOLFO MESQUITA NUNES DESFILIA-SE DO CDS

Adolfo Mesquita Nunes anunciou este sábado a desfiliação do CDS, após 25 anos de militância no partido. Numa publicação no Facebook, diz que o partido em que se filiou deixou de existir.

Mesquita Nunes justifica a decisão na convicção de que o partido é estruturalmente diferente do partido em que se filiou e que serviu como dirigente.

"O partido em que me filiei deixou de existir. Nunca pensei pedir a desfiliação do partido em que milito há 25 anos, a quem tanto devo e a quem entreguei boa parte da minha vida, do meu empenho e do meu entusiasmo", lê-se numa nota publicada na página de Facebook de Adolfo Mesquita Nunes.

"Se o faço hoje, no que provavelmente é o mais difícil ato político da minha vida, é porque o partido em que me filiei, o CDS das liberdades, deixou de existir", acrescentou.

MANUEL CASTELO-BRANCO TAMBÉM SAI

No Facebook, Manuel Castelo-Branco mostrou-se solidário com Adolfo Mesquita Nunes e também anunciou a saída do CDS.

"O CDS dos últimos dias foi semelhante ao Sporting de Bruno Carvalho, com enormes atropelos à legalidade e bom senso", escreveu.

No Facebook, acrescentou também:

"Está semana, depois de mais de 10 anos da liderança e uns 15 de filiação, assumo a minha orfandade ao projeto e apresentarei o meu pedido de desfiliação desta organização".

EX-DEPUTADA INÊS TEOTÓNIO PEREIRA E ANTIGO DIRIGENTE JOÃO MARIA CONDEIXA ABANDONAM CDS

A antiga deputada do CDS-PP Inês Teotónio Pereira e o ex-dirigente nacional centrista João Maria Condeixa anunciaram a sua desfiliação do partido, argumentando já não reconhecerem a formação política em que acreditaram e se filiaram há décadas.

"Todos aqueles que votaram nesta direção deviam hoje pedir desculpa aos militantes do CDS e aos seus apoiantes pela humilhação a que sujeitaram o partido. Pelo menos aqueles que têm um mínimo de decência. O CDS não é o mesmo partido que sempre foi - está mais perto do PCTP-MRPP - e eu não pertenço ali. Por isso, e ao fim de décadas de militância, desfilio-me hoje com enorme tristeza", justificou Inês Teotónio Pereira, numa publicação na rede social Facebook.

Inês Teotónio Pereira foi deputada do CDS-PP na XII Legislatura, saída das eleições legislativas de junho de 2011, que deram a vitória ao PSD, que veio a formar governo com o CDS-PP, então liderado por Paulo Portas.

Também o antigo dirigente centrista João Maria Condeixa anunciou a sua desfiliação do partido, em que militava há 24 anos, revelando que a decisão que toma não é "circunstancial, embora os mais recentes acontecimentos e o tribalismo vivido no seio do CDS a tenham precipitado".

"Acreditei num partido, pluralista e aberto, onde os costumes não tivessem de ser apenas os que costumam. Acreditei no tal partido que fosse capaz de ir libertando o Homem do Estado e fosse construindo o Estado em função do Homem e não o Homem em função do Estado. Esse partido não veio. Pior, foi adiado", argumentou, na carta de desfiliação que partilhou na rede social Facebook.

Nuno Melo vai pedir a nulidade de deliberações de Conselho Nacional

O candidato à presidência do CDS-PP Nuno Melo anunciou que vai pedir a nulidade das deliberações do Conselho Nacional que decorreu sexta-feira, considerando que aquela reunião foi "o último ato da maior indignidade" da história do partido.

No Porto, em conferência de imprensa para reagir à decisão do Conselho Nacional de adiar o congresso eletivo para a presidência do CDS-PP para depois das eleições legislativas, o eurodeputado explicou ainda que já pediu uma audiência ao Presidente da República e acusou o líder do CDS de estar a "fugir à democracia".

"Se [Francisco Rodrigues do Santos] fosse um ser que tivesse um resquício de espírito democrático aceitava ir a votos", disse.

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