Daesh

Espanha repatria duas mulheres e 13 menores com ligações ao Daesh

Os menores foram entregues a serviços sociais do Estado.

Espanha repatria duas mulheres e 13 menores com ligações ao Daesh
Pictures from History / Getty Images

Duas espanholas com ligações ao grupo terrorista Daesh e 13 menores que estavam há anos num campo de prisioneihros na Síria chegaram na noite passada a Espanha, um dos países europeus que recusava, até agora, fazer estes repatriamentos.

A informação foi confirmada esta terça-feira por fontes do Governo espanhol a vários meios de comunicação social, segundo os quais as duas mulheres foram detidas pelas autoridades de Espanha à sua chegada ao país.

Os menores têm entre 3 e 15 anos de idade, nove são filhos destas mulheres repatriadas e outros quatro, também de nacionalidade espanhola, estavam a cargo de uma delas no campo de prisioneiros.

Os menores foram entregues a serviços sociais do Estado, segundo as mesmas fontes.

Os avós e outros familiares dos menores têm manifestado publicamente a intenção de ficar com a tutela das crianças em caso de repatriamento, além de terem feito vários apelos às autoridades espanholas para trazerem os menores para Espanha e os tirarem dos campos de prisioneiros sírios, onde vivem dezenas de milhares de pessoas.

Segundo as mesmas informações divulgadas esta terça-feira pelos meios de comunicação, as duas mulheres são espanholas e casaram com membros do Daesh, tendo viajado com os maridos para a Síria em 2014.

O Daesh conquistou a partir de 2014 largas zonas do Iraque e da Síria, onde proclamou um califado no qual impôs um regime de terror baseado numa ideologia islamita fundamentalista até que foi derrotado com a ajuda de uma coligação internacional, encabeçada pelos Estados Unidos, em 2017, no Iraque e, em 2019, na Síria.

Estas duas mulheres espanholas foram detidas em 2019 e estavam num campo de prisioneiros no nordeste da Síria, controlado por forças curdas, desde, pelo menos, 2020.

A Síria está dividida pela guerra que começou em 2011: o regime do Presidente Bashar al-Assad retomou a maior parte do território, mas as forças curdas sírias controlam grandes áreas do norte e do nordeste do país.

Espanha tem referenciada outra espanhola e outra viúva de um espanhol, ambas com filhos menores, nos campos de prisioneiros na Síria, para onde são levadas mulheres e menores com ligações ao Daesh, ponderando também a sua repatriação, segundo as mesmas fontes citadas pela imprensa.

Organizações não-governamentais (ONG) têm denunciado a situação humanitária nos campos de prisioneiros na Síria, onde vivem dezenas de milhar de mulheres e menores, com apelos ao repatriamento para os países de origem.

Uma das denúncias mais recentes foi da ONG Médicos Sem Fronteiras, que em novembro de 2022 referiu a crueldade na detenção prolongada de mais de 50.000 pessoas -- a maioria crianças -- no campo de Al-Hol.

De acordo com a ONG, morreram 79 crianças no campo sírio de Al-Hol em 2021.

"Vimos e ouvimos muitas histórias trágicas no campo de detenção de Al-Hol (...), incluindo crianças a morrer devido a atrasos prolongados no acesso a cuidados médicos urgentes, e meninos alegadamente retirados à força das suas mães quando atingem cerca de 11 anos, para nunca mais serem vistos", lamentou a responsável de operações da MSF na Síria, Martine Flokstra.