Eleições Legislativas

"Debates têm aproximado as pessoas e podem ajudar no combate à abstenção"

Gonçalo Ribeiro Telles, analista político e consultor de comunicação, considera que o modelo de meia hora é positivo e pode ajudar no combate à abstenção, que foi ligeiramente menor nos últimos anos.

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A quase um mês dos portugueses regressarem às urnas, os debates televisivos já arrancaram e têm gerado diversos pontos de vista. Seja pelas intervenções dos políticos - Mariana Mortágua e Luís Montenegro travaram “a melhor discussão” até aqui -, seja pelo próprio formato. Os 30 minutos de debate têm sido motivo de crítica, mas há quem veja de outra forma.

Gonçalo Ribeiro Telles, analista político e consultor de comunicação, considera que “os debates têm aproximado as pessoas das eleições" e que o modelo de meia hora, face aos hábitos da sociedade, é o ideal.

“Acho que têm bastante audiência e isso pode levar a um maior combate a abstenção. Um bom politico tem de ter poder de síntese e saber ser objetivo em meia hora”.

Para isso, claro, convém que os políticos aproveitem o tempo de antena da melhor forma para, efetivamente, informar o eleitorado. Foi o que Mariana Mortágua e Luís Montenegro fizeram esta terça-feira, num debate televisionado pela TVI.

“Foi o mais interessante de todos. Falaram muito bem para o seu eleitorado. Foi um debate muito pouco demagógico”, diz Gonçalo Ribeiro Telles, corroborando com a ideia de muitos comentadores e analistas.

Mas tudo começou na segunda-feira, com Pedro Nuno Santos e Rui Rocha, um confronto também de ideias muito distintas em praticamente todos os níveis. Para Gonçalo Ribeiro Telles, o líder do PS ainda está “bloqueado”, enquanto o liberal surpreendeu no seu segundo embate, frente a André Ventura.

“Pedro Nuno santos esteve muito bloqueado. Não ajuda a questão dos açores e a posição do PS. A questão do Chega deve ter dividido o PS nos Açores. (…) Para a expectativa que existia, Rui Rocha está a ser uma surpresa. Vejo-o um bocado tenso, é um estreante, é importante referir. Saiu ligeiramente por cima [contra Ventura], mas houve muito mais sound bite do que conteúdo, ao contrário do Montegro-Mortágua”.

André Ventura, talvez mais do que todos os candidatos, sente-se confortável em qualquer modelo que envolva falar para a câmara.

“Ele tem muito mais experiencia televisiva e saber usar isso melhor do que os outros”, diz o analista, recordando os tempos de comentador do líder do Chega.