Eleições Legislativas

"Voto útil" e "a solução para o país" foram servidos à mesa do debate entre Luís Montenegro e Rui Rocha

Antes do derradeiro debate, que fechará o ciclo de 28 debates televisivos, Luís Montenegro (AD) escutou o candidato liberal dizer que ali está, disponível para entendimentos pós-eleitorais. E se Rui Rocha abriu a porta, o social-democrata não a fechou, à exceção da questão da CGD - o único tema que os distanciou no frente a frente.

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Durante cerca de 30 minutos, os candidatos social-democrata e liberal apresentaram, este domingo na antena da SIC, os pontos que os unem e, no que à Saúde diz respeito, Montenegro não hesitou em afirmar que “há terreno comum”. No plano fiscal há divergências mas nada que trave um possível entendimento pós-10 de março. Fora de questão está, no entanto, a solução da IL para o banco público, uma “válvula de segurança” de que Montenegro não abdica.

“A solução para o país está nesta mesa", declarou Rui Rocha, que ao longo dos debates televisivos não abdicou do seu sound bite - “O único voto que muda Portugal é na Iniciativa Liberal” (e este frente a frente não foi exceção) -, e acrescentou qualquer voto noutro partido “é um voto que atrasa a solução, que pode bloquear a solução e que consiste no final do dia numa solução que é manter o PS no Governo”.

Antes, o presidente do PSD, que reiterou a confiança política em Miguel Albuquerque, apelou ao voto útil na Aliança Democrática (AD): “O que quero dizer com toda a atenção e firmeza é que (…) o que está em causa nas eleições legislativas é também a eleição de um primeiro-ministro. É a eleição de deputados, mas é a escolha entre duas opções para liderar um Governo: a opção do Pedro Nuno Santos (PS) ou a da AD”.

Na resposta, Rui Rocha contrapôs que o voto na IL é um “voto estratégico” porque o programa da AD “não é suficiente”. E para prová-lo, lançou ao adversário um desafio: “10 desafios para um Portugal com futuro”.

Convidado pela moderadora Clara de Sousa a escolher um, o liberal optou pelo ponto 5, o da redução fiscal para mostrar as diferenças entre a proposta da IL para o IRS e a da AD, argumentando que, com o atual Orçamento de Estado socialista, uma pessoa que ganhe 1.500 euros brutos por mês "paga de imposto, antes de deduções, 211 euros por mês".

"O PSD retira cinco euros por mês a esta proposta e nós retiramos 109 euros. Aqui vemos aquilo que é a ambição da IL de redução do IRS e a ambição do PSD", sustentou.

Num tom cordial, Montenegro contrapôs não com uma mas "duas medidas complementares, como uma taxa máxima de IRS de 15% para jovens até aos 35 anos, bem como a isenção de 100% de IRS dos prémios de desempenho e produtividade até ao limite de um vencimento mensal".

Diferenças e críticas à parte destacadas pelo liberal Rui Rocha, o social-democrata declarou, ainda assim, que “há condições para aproximar posições porque o objetivo final é o mesmo”.

O mesmo aconteceu na Saúde. Para a AD, que Montenegro lidera, "a base é o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e tem de ser a garantia pública a oferecer os cuidados de que as pessoas necessitam. Quando o SNS, que não tem capacidade ilimitada, não consegue garantir esse acesso, o setor social e a iniciativa privada devem colaborar. A base da IL é um pouco diferente, é uma visão de sistema onde há uma liberdade de escolha".

Ainda assim, e apesar de os pontos de partida diferentes", o social-democrata assegurou que “há terreno comum, somos bem capazes de nos entender”, designadamente sobre as Parcerias Público Privadas, destacou.

Rui Rocha insistiu que para os liberais "essa escolha deve existir sempre", dando como exemplo o modelo dos beneficiários da ADSE.

O único ponto de discórdia

A privatização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), defendida pela IL, mereceu a oposição de Luís Montenegro, que considera que o banco público deve ser "uma válvula de segurança" para eventuais crises.

“Temos necessidade de um banco público, é reduto de salvaguarda, uma válvula de segurança que garante que os depósitos têm cobertura, e, em segundo lugar, numa situação que perturbe quem tem capital social de dar crédito à economia, que essa garantia seja a CGD”, sustentou o líder da AD.

Mas não convenceu o liberal, para quem o banco deve ser privatizado: “Não podemos ter um banco sujeito à intromissão política, é melhor poupar o país a essa situação”, respondeu.