O debate entre Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, e Luís Montenegro, líder do PSD, foi o culminar de uma série de debates entre os candidatos a primeiro-ministro. Para Luís António Santos, professor no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, as expectativas podem ter sido prejudiciais para Luís Montenegro.
“Todos tínhamos visto Luís Montenegro crescer a cada debate que fazia, parecia mais sereno, tranquilo, bem-humorado, até irónico em algumas circunstâncias. E por outro lado tínhamos visto Pedro Nuno Santos muito preso e contido”, começa por dizer o especialista.
No entanto, neste debate, o secretário-geral do PS “mostrou-se com as cores que lhe conhecíamos de outros momentos”. Refere inclusive dois momentos que podem ter sido mais positivos para Pedro Nuno Santos: a assertividade nas reivindicações dos polícias e a afirmação de que não irá inviabilizar um governo da AD.
“Com esta assertividade inicial e com uma outra força no final do debate, eu diria que Pedro Nuno Santos esteve mais perto de nos surpreender neste debate do que Luís Montenegro”, afirma ainda o professor.
Luís António Santos considera que este debate, por ter sido mais longo, mostrou “que vale a pena dar mais tempo aos políticos” para que sejam escutados pelo eleitorado. Sublinhou ainda que os dois candidatos falaram para o seu eleitorado e para o grupo de indecisos.
“É verdade que Luís Montenegro, em questões como saúde e habitação, me pareceu mais forte do que Pedro Nuno Santos. São também questões mais frágeis para o Governo que está em gestão. Acho que Luís Montenegro podia ter ido mais longe com a questão da TAP e do novo aeroporto e não o fez.”
A ausência do tema “Justiça” no debate foi também referida por Luís António Santos. O professor considera que é um tema que “fere a credibilidade e estabilidade dos dois partidos” – PS e PSD –, mas defende que é também um assunto “inevitável” para o próximo Governo.
“É um assunto que vai ter de estar na agenda pública porque me parece que a maioria de nós não entende o que está a acontecer na justiça, não entende que possa haver tantas opiniões contrárias no mesmo sistema e que essas opiniões contrárias se expressem de forma tão pública e visível, tendo resultados tão danosos.”
O professor lembra que “dois Governos caíram por causa de investigações da Justiça e, logo a seguir, elementos do sistema disseram que não havia razão para isso ter acontecido”.
“Isto deixa o cidadão comum muito perplexo”, remata.