Depois de um dia em que, à distância, trocaram palavras sobre onde pára a “bagunça”, o líder do PS veio a público fazer uma exigência ao principal adversário. Acontece que, usou um termo que, segundo o próprio, foi interpretado como um recuo que, assegura Pedro Nuno Santos, não o é. Confuso? Vamos por partes.
Pela manhã, de hoje, o socialista recuperou a “bagunça”. “A direita é a bagunça, só que essa bagunça teria consequências em Portugal se por acaso eles tivessem a vitória”, disse à margem de uma ação no Algarve.
A resposta tardou, mas chegou esta tarde. Luís Montenegro ripostou dizendo que foi o Governo de António Costa que caiu devido à “bagunça interna”.
E, minutos depois, Pedro Nuno Santos contra-atacou, pondo em causa (ou não, viria a esclarecer depois) um governo minoritário da AD.
"Se não houver reciprocidade do PSD em viabilizar um governo minoritário do PS, o partido sente-se desobrigado de cumprir o que disse no debate com Luís Montenegro", afirmou Pedro Nuno Santos antes de uma iniciativa da CIP, no Porto.
Uma declaração que o líder socialista corrigiu depois por causa da palavra “desobrigado”. “Fui mal interpretado”, disse à SIC, clarificando que "o fundamental é exigir reciprocidade" e mantendo a promessa feita no frente-a-frente com Montenegro na segunda-feira de viabilizar um executivo minoritária da AD.
Líder do PSD é que “continua sem responder”
O socialista considera que quem continua sem dar uma reposta é Luís Montenegro que “continua sem dizer o que fará perante um governo do PS”, mas “essa resposta impõe-se”.
"Exigimos e esperamos do PSD aquilo que garantimos ao PSD. O que queremos é que o PSD responda ao repto do PS", esclareceu Pedro Nuno Santos após intervir no congresso da Confederação Empresarial de Portugal, no Porto.
Para o secretário-geral do PS, "um dos valores mais importantes da sociedade na relação entre pessoas e também na política é o da reciprocidade".
A ausência de esclarecimento por parte do líder da AD, para o socialista, "levanta novamente a questão (...) sobre o que isso significa sobre potenciais alianças que o PSD quer construir".
"E esta é uma questão muito relevante. Por isso é que falo de estabilidade, o país precisa de estabilidade e nós temos condições para a garantir", insistiu, considerando que a "estabilidade não é garantida" quando se olha para a direita e que "por isso é que falava de bagunça".
"E não é só porque não se entendem, porque o André Ventura quer Luís Montenegro e Luís Montenegro prefere Rui Rocha e ambos não querem André Ventura, mas porque a AD apresenta ao país um programa que é uma verdadeira aventura fiscal que corresponde a um buraco orçamental muito significativo", continuou.
Recorrendo aos números, o dirigente socialista disse que a "aventura fiscal significa, em quatro anos, menos 16,5 milhões de euros", um valor que sobe "para 23,5 milhões de euros" se for acrescentado "às outras medidas que estão no cenário do próprio PSD", alertando, a propósito, que os tempos que se avizinham "são de incerteza, que exigem prudência".
Para justificar esse cuidado, lembrou que recentemente França apresentou "um pacote de austeridade de 10 mil milhões de euros", enfatizando não ser isso que quer que aconteça em Portugal.
“Bagunça” à direita? O bate-boca continua…
Discursando num comício em Faro, na terça-feira à noite, o líder dos socialistas acusou a direita de ser uma "bagunça", acrescentando que, caso fosse eleita, poderia ter consequências na estabilidade económica e social do país, na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e na imagem externa de Portugal.
"Quando nós olhamos para a direita essa estabilidade não é garantida, por isso é que eu falava de bagunça, e não é só porque não se entendem. Não é porque André Ventura quer Luís Montenegro, porque Luís Montenegro prefere Rui Rocha, porque Montenegro e Rui rocha não querem André Ventura… é porque, de facto, a AD apresenta ao país um programa que é uma verdadeira aventura fiscal e corresponde a um buraco orçamental",
Esta quarta-feira o líder do PSD respondeu às críticas afirmando que o seu principal opositor não tem autoridade moral para falar de bagunça, insistindo ainda que o Governo de António Costa caiu devido à “bagunça interna”.