Eleições Legislativas

Análise

Rescaldo das legislativas: "Temos claramente uma alteração sociológica em Portugal"

Na análise aos resultados eleitorais, Adriana Cardoso, comentadora da SIC, sublinha a responsabilidade de Pedro Nuno Santos nos desastrosos resultados eleitorais do Partido Socialista.

Loading...

A AD venceu as eleições legislativas com 32% dos votos. Chega e PS fecharam a noite com empate técnico na luta pelo segundo lugar. Em distribuição de assentos, a AD conseguiu eleger 89 deputados. A Iniciativa Liberal também saiu reforçada, é agora a quarta força política, representada por nove deputados, mas não é o suficiente para uma eventual maioria absoluta com a AD. A juntar às vitórias das eleições legislativas, o Livre elege seis deputados e posiciona-se como quinta força política.

"Hoje é claramente um dia estranho para a nossa democracia, estranho para as pessoas que trabalham neste meio e que conhecem e têm vindo a comentá-lo. Temos claramente uma alteração sociológica em Portugal, mas não é só uma alteração sociológica tendo a esquerda e minoria, é uma alteração de regime em que nem PS nem PSD é o líder da oposição e portanto é outro partido que é o líder da oposição. É o pior resultado do PS desde de 1985, sem dúvida nenhuma que o principal culpado é Pedro Nuno Santos", sublinha Adriana Cardoso.

A comentadora da SIC destaca o facto de o Chega ter tirado deputados ao PS em Faro e ter vencido em Beja, onde o PS tinha ganho nas eleições anteriores. Assim, no entender de Adriana Cardoso, "Pedro Nuno Santos não tinha outra solução que não fosse demitir-se imediatamente".

A CDU viu o grupo parlamentar encolher de quatro para três deputados. Já o Bloco de Esquerda quase que ficou de fora do Parlamento, passa a ter uma deputada única, Mariana Mortágua.

O PAN reelegeu Inês Sousa Real. Há também um novo partido no parlamento português: o Juntos Pelo Povo, da Madeira, que elegeu um deputado, é o primeiro partido regional na Assembleia da República.

Esta terça-feira, o Presidente da República vai reunir com os partidos em Belém para encontrar uma solução de governo.

"Luís Montenegro tem um grande dado na sua mão, que é o número de deputados do PSD está acima do número de deputados da esquerda inteira. E, portanto, nada mais lhe dá mais argumentos para a sua posição que tem sido de dizer que não aos Chega.

Sabemos dos estudos eleitorais que foram feitos na altura das eleições que existe uma enorme oposição dentro do eleitorado clássico do PSD e da AD de existir algum tipo de coligação ou participação a nível de acordos de incidência parlamentar com o Chega e acho que Luís Montenegro, vendo o posicionamento que o Chega está a conseguir ter, consegue entender, acima de tudo, que trazê-lo para o arco governativo, trazer o Chega ainda por cima para o arco das negociações parlamentares, seria um erro para a própria AD", explica Adriana Cardoso.