Nas eleições legislativas do passado domingo, o Chega aumentou a sua representação parlamentar, passando de 50 para 58 deputados e igualou o número do Partido Socialista (PS). Embora o país ainda aguarde a contagem dos votos da emigração, o partido de André Ventura acredita ter a possibilidade de se tornar a segunda maior força política em Portugal.
O presidente do Chega foi, esta terça-feira, recebido no Palácio de Belém por Marcelo Rebelo de Sousa. No final do encontro, garantiu, em declarações aos jornalistas, que transmitiu ao Chefe de Estado que, a confirmar-se que o partido será a segunda maior força parlamentar, irá liderar a oposição.
Em entrevista à SIC Notícias, Cristina Rodrigues afirma que o seu partido nunca se focou em quem apresentou as propostas, mas sim na qualidade e nos benefícios que estas podem trazer aos portugueses. Por isso, compromete-se a apoiar as medidas do Governo da Aliança Democrática (AD).
"Da anterior legislatura, não tivemos uma experiência muito positiva, na medida em que a AD não se mostrou disponível para fazer qualquer negociação, limitando-se a exigir aprovações. Julgo que, assim, é difícil. Deve haver um diálogo entre ambas as partes", frisa.
"CPI a Montenegro está sempre em cima da mesa"
Em relação ao caso da empresa familiar do primeiro-ministro, a Spinumviva, a deputada sublinha que uma eventual Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a Luís Montenegro continuará sempre "em cima da mesa".
"Nós não estamos aqui a ameaçar. Estamos abertos ao diálogo, sem comprometer os interesses dos portugueses. O nosso mandato é com os portugueses, e não com Luís Montenegro. O Chega nunca se demitirá do seu papel de oposição e de escrutínio. Obviamente, há disponibilidade para conversar, mas há limites."
Moção de Censura a ser planeada?
Quanto à moção de rejeição apresentada pelo PCP, Cristina Rodrigues não se compromete e afirma que, primeiro, o Chega terá de avaliar se o programa da AD corresponde às necessidades e exigências dos portugueses.
No Palácio de Belém, André Ventura deixou uma outra garantia: está a preparar-se para “a qualquer momento” poder governar o país. Cristina Rodrigues rejeita, no entanto, a possibilidade do líder do partido estar pensar numa eventual moção de censura.
"Os portugueses votaram no Chega para ser oposição. Seremos o maior partido da oposição, e nem a AD espera outra coisa", reforça.