Debates

Debate PS vs Chega: a "amnésia" de Pedro Nuno e a "cobardia" de Ventura

O líder do PS e do Chega estiveram com as garras de fora no debate na RTP, onde se acusaram mutuamente. Entre "mentiras" e "amnésias", ambos defenderam as suas propostas, mas atacaram mais os programas um do outro.

Loading...

Pedro Nuno Santos, do PS, e André Ventura, do Chega, estiveram frente a frente na TVI. A discórdia é transversal em qualquer tema, seja na Justiça, seja na Saúde, Impostos e ainda na Habitação.

Antes de iniciar o debate, Pedro Nuno Santos quis dar uma palavra ao seu principal adversário que, por motivos pessoais, teve de adiar um debate com a IL que iria ser sexta-feira - estando agora marcado para domingo.

"Um dos candidatos teve um infortúnio familiar sério e queria dar os meus sentimentos a Luís Montenegro, todos sofremos seriamente quando perdemos um dos nossos", referiu o líder do PS.

Após isso, entrou-se em "ação".

Justiça

É o segundo debate do dia e o segundo que começa com o caso dos arguidos da Madeira que foram libertados após 21 dias detidos, no decorrer dos interrogatórios.

"O caso preocupa, também preocupa que pessoas estejam 21 dias detidos, mas presumo que seja o tempo necessário para o juiz de instrução, a justiça está a funcionar e é importante para a democracia e Estado de direito", comentou o secretário-geral do Partido Socialista.

Já André Ventura, não é da mesma opinião que Pedro Nuno Santos, dizendo que a Justiça precisa de reformas, para que "Ricardos Salgados não continuem nos seus palácios a gozar connosco".

"Se é a Justiça a funcionar, temos de ter presente que é uma decisão inicial que vai contrariamente ao que pede o Ministério Público. Recordo que ainda há dias tivemos uma decisão do Tribunal da Relação que tinha sido ilibado e a Relação voltou a julga-lo. Esta decisão não retira os factos que conhecemos, o enriquecimento de alguns personagens, tem de ser investigado, mas a Justiça precisa de uma reforma e o programa do PS não faz bem nem faz mal deixa tudo igual, gostava que as pessoas soubessem o que o PS propõe", iniciou André Ventura, o seu ataque.

O Chega, mais uma vez, insistiu na apreensão de bens antes de condenação. Pedro Nuno Santos contrapôs.

"O Chega quer fazer de conta que quer combater a corrupção, o arresto preventivo já existe em Portugal. Desconversa, faz de conta, mas não traz solução", elucidou Pedro Nuno Santos que acrescentou que não se combate a corrupção com aumento de penas, tendo em conta que já existe uma hierarquia.

"A perceção aumentou, mas não há estudo que diga que há mais corrupção, há é mais meios e hoje temos maior visibilidade", respondeu o líder socialista.

André Ventura quer reduzir os meios, pelo abuso que existe em usar os recursos na Justiça, no entanto Pedro Nuno Santos confrontou-o com o caso em que foi condenado e o mesmo líder do Chega... recorreu.

Saúde

PS quer que médicos cumpram um tempo mínimo no SNS após concluírem especialização, sendo uma medida que tem sido bastante criticada pelos outros partidos políticos, mas Pedro Nuno Santos teve a oportunidade neste debate para a explicar.

"Achamos importante que quem tenha tido formação no SNS deve dar algum tempo mínimo ao SNS, não será imposição, mas procuraremos as condições para recrutar e reter médicos no SNS se não o fizermos não conseguimos ter médicos", explicou Pedro Nuno Santos, que ainda assegurou a utilidade da proposta via negociações com os médicos.

André Ventura, que não concorda com a medida, argumentou que o secretário-geral do PS agora finge que a proposta não é tão vinculativa assim.

"Pedro Nuno Santos é impreparado para ser primeiro-ministro, a ideia era amarrar médicos ao SNS. Foi avisado por antigos ministros que chamou a medida de estalinista e percebeu que tinha de voltar atrás. Isto é abstrato. Pedro Nuno Santos é o candidato amnésia, propõe aumentos, mas teve no Parlamento este tempo todo e votou contra esses aumentos", elucidou Ventura.

Ventura referiu que o Chega quer incentivos salariais a médicos, enfermeiros, técnicos de saúde e, por último, aumentar a oferta dos cursos de medicina.

"As posições do Chega e Ventura não são para levar a sério, é para qualquer momento e tema ter a opinião que lhe serve, não tem um programa credível do ponto de vista financeiro, promete tudo a todos", atacou Pedro Nuno Santos.

Impostos

André Ventura quer uma baixa de impostos bastante considerável, tendo em conta o programa que apresentou onde existem muitos cortes na receita para o Estado. Porém, o líder do Chega não acredita que isso crie um “rombo nas contas públicas”.

"O rombo é quando existe ministérios com três mil milhões de prejuízo. Uma boa gestão deste país não só resolvia o problema, como punha o país a crescer", criticou o deputado do Chega.

"O Chega baixa impostos, aumenta a despesa, tem resposta para toda a gente e não é para levar a sério, sobre as pensões as contas do Chega é até 9 mil milhões mas não é de uma vez, são 9 mil milhões todos os anos e isso é impossível", rematou o líder socialista.

Para André Ventura, Pedro Nuno Santos é o “ministro trapalhadas”, mas Pedro Nuno Santos disse ver-se mais como o ministro "com resultados".

"Geriu a TAP por WhatsApp e diz agora ter um programa responsável. Pagamos uma indemnização por sua culpa, agora tem que ouvir verdades", rematou o líder do Chega.

E, de rompante, André Ventura introduziu o tema da habitação, onde existe uma enorme crise. As justificações ao ex-ministro da habitação pedem-se.

"Para além do trabalho que está a ser feito, queremos alargar o porta 65, colocar teto às rendas, queremos travar o aumento das rendas, garantia pública para os jovens que queiram comprar casa e famílias a contratualizar com o Estado que lhes permita permanecer nas suas casas", conclui o ex-ministro.