Germano Almeida

Comentador SIC Notícias

Eleições nos EUA

DIA D-90: Tim Walz, uma surpresa sorridente

Opinião de Germano Almeida. Walz era o "underdog" na final a três para o posto de vice-presidente. Josh Shapiro era o favorito, Mark Kelly a alternativa. Walz foi a escolha porque junta o melhor dos dois (é forte no eleitorado Midwest e tem credenciais militares) e porque será o democrata do Midwest que melhor chega ao americano comum.
DIA D-90: Tim Walz, uma surpresa sorridente
Tom Williams

1 – ISTO, SIM, É UMA SURPRESA

Isto, sim, é uma grande surpresa. Kamala escolheu Tim Walz para seu “running mate”, deitando fora a possibilidade de nomear Josh Shapiro, o competente governador do estado da Pensilvânia. Eram duas vias muito diferentes, tendo apenas como ponto comum serem governadores brancos do Midwest. Mas Walz é governador de um estado fortemente democrata, enquanto Josh lidera a Pensilvânia, talvez o mais relevante de todos os "swing states".

Tim terá sido escolhido por uma história de vida muito singular e diversificada. Foi professor, foi treinador (Kamala até o trata por "coach"), foi membro da Guarda Nacional do Exército durante um quarto de século. Foi eleito para o congresso estadual do Minnesota num distrito congressional profundamente rural e republicano. E foi, claro, o autor da frase que até agora mais tem energizado a base democrata por Kamala e contra Trump, ao apelidar Donald e JD Vance de "tipos estranhos" (weird dudes).

2 – UM TIPO NORMAL E MUITO SORRIDENTE

Walz era o "underdog" na final a três para o posto de vice-presidente. Josh Shapiro era o favorito, Mark Kelly a alternativa. Walz foi a escolha porque junta o melhor dos dois (é forte no eleitorado Midwest e tem credenciais militares) e porque será o democrata do Midwest que melhor chega ao americano comum.

Comunica muito bem, tem um estilo afável e próximo. Kamala gostou que ele, na entrevista final, tenha falado em "alegria" ao referir-se à forma como via a possibilidade de embarcar numa candidatura presidencial democrata que possa obter uma maioria que trave o regresso de Donald Trump.

Os democratas veem em Walz a prova de que é possível perceber-se a América rural, profunda e pouco qualificada sem ter que ser hostil, zangado e divisivo, como têm sido Trump e JD Vance. Tudo isto acontece numa altura em que Kamala saltou para a frente da corrida, liderando as últimas quatro sondagens nacionais, por diferenças de 1 a 4 pontos.

UMA INTERROGAÇÃO: Que novidades terá a narrativa eleitoral de Donald Trump na reta final da campanha 2024, comparando com as ideias “anti-establishment” e nacionalista/nativista de 2016 e 2020?

UM ESTADO: Nova Jérsia

  • Resultado em 2020: Biden 57,3%-Trump 41,4%
  • Resultado em 2016: Hillary 55,0%-Trump 41,7%
  • Resultado em 2012: Obama 58,3%-Romney 40,5%
  • Resultado em 2008: Obama 57,3%-McCain 41,6%
  • Resultado em 2004: Kerry 53,0%-Bushy 46,2%
    (nas últimas 13 eleições presidenciais, 8 vitórias democratas, 5 vitórias republicanas)


-- A Nova Jérsia tem 8,9 milhões habitantes: 54,6% brancos, 20,9% hispânicos, 15,2% negros, 10,0% asiáticos; 51,1% mulheres // 11 .º estado em população // 3.º mais rico da União

14 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL

UMA SONDAGEM:

VOTO POPULAR NACIONAL | Kamala 48 - Trump 44 (Morning Consult, 2 a 4 ago)