Germano Almeida

Comentador SIC Notícias

Eleições nos EUA

DIA D-73: quanto vale Robert Kennedy Jr.?

Opinião de Germano Almeida. Kennedy apoia Trump. Numa eleição muito disputada, será isso relevante? Matematicamente, poderia ser a diferença para uma vitória de Trump no Arizona ou na Carolina do Norte, mas as coisas podem não ser bem assim.
DIA D-73: quanto vale Robert Kennedy Jr.?
Jon Cherry

1 - Kennedy desiste: mas isso vai mesmo interessar?

A candidatura de Robert Kennedy Jr. esteve sempre envolta em contradições e algum mistério. Filho de um herói progressista do Partido Democrata, enveredou, nos últimos anos, por uma agenda conspirativa, por vezes até lunática, baseada em desinformação e dados pouco fundamentados.

O reconhecimento do nome de família levou-o a começar a concorrer pelos democratas, mas a incapacidade de se afirmar nas primárias de um partido que cedo mostrou estar apenas disposto a selar a nomeação de um segundo mandato Biden fez com que começasse uma candidatura independente.

A impopularidade de Biden e Trump permitiu que tivesse caminho para passar dos 10%: assim se manteve por muito tempo, roubando, aparentemente, cerca de metade aos democratas e a outra metade aos republicanos. Mas quando emergiu Kamala, o balão de Kennedy esvaziou. Baixou para 2% ou 3% no voto popular, embora com bolsas em alguns estados como o Arizona em que chegava a atingir os 5%.

Desde a Convenção Republicana que Trump tem vindo a cortejar Kennedy, com vista a uma possível desistência. Os problemas de financiamento da campanha Kennedy aceleraram o que já parecia inevitável: Kennedy apoia Trump. Numa eleição muito disputada, será isso relevante?

Matematicamente, poderia ser a diferença para uma vitória de Trump no Arizona ou na Carolina do Norte. Mas as coisas podem não ser bem assim. Os votos Kennedy deverão ser absorvidos no duelo real Trump/Kamala. Não será assim que Trump resolve o sério problema de mensagem que continua a ter.


2 - Dará para manter a alegria?

A semana democrata em Chicago celebrou a tríade Democracia/Liberdade/Alegria, como elementos cruciais de uma campanha que tem como missão travar o regresso de Trump à Casa Branca. Kamala não o fez por menos: "É a eleição mais importante das nossas vidas". E marcou o tom, ao lembrar o que a mãe, Shyamala, lhe dizia: "Nunca deixes que ninguém te diga quem tu és, mostra-lhes quem tu és".

Passada e emoção do momento, o grande desafio para Kamala - que surge à frente por um ponto na Carolina do Norte e quatro pontos à frente no voto nacional, em sondagens ainda sem o efeito Convenção - é prolongar o momento positivo. É duvidoso que os democratas consigam manter o controlo da narrativa ficando apenas nessa tríade, quando ainda falta dois meses e meio.

As tarefas mais árduas para Kamala Harris ainda estão por surgir: o escrutínio do contraditório, o desafio de debater com Trump.


Andrew Harnik

Um estado: Nevada

- O Nevada tem 3,1 milhões de habitantes:

  • 46,4% brancos,
  • 20,5% latinos,
  • 9,0% negros,
  • 8,3% asiáticos,
  • 32.º estado com maior população,
  • 33.º estado mais rico da União.
  • Resultado em 2020: Biden 50,1%-Trump 47,7%
  • Resultado em 2016: Hillary 47,9%-Trump 45,5%
  • Resultado em 2012: Obama 52,4%-Romney 45,7%
  • Resultado em 2008: Obama 55,2%-McCain 42,7%
  • Resultado em 2004: Bush 50,5%-Kerry 47,9%
Vale 6 votos no Colégio Eleitoral

Uma sondagem:

CAROLINA DO NORTE -- Kamala 46 / Trump 45

(HighPoint/SurveyUSA, 19 a 21 agosto)