1 - Boa nota, mas sem brilho
Foi um bom discurso, bem construído na forma e a destacar os pontos fortes que levaram a campanha Kamala a passar para a frente num mês; Kamala entregou-se com lisura e sem falhas, ainda que sem grande capacidade de arrebatamento de multidões (os discursos dos Obama e partes do discurso Walz foram mais entusiasmantes).
Kamala colocou-se como a candidata da classe média: “É de onde eu venho”. E voltou a falar numa economia de oportunidades. Avisou que Trump se prepara para cortar impostos aos amigos bilionários e propõe-se a cortar, ela, os impostos aos 100 milhões de americanos com menos rendimentos.
2 - “Vamos escrever um novo capítulo, uma nova via para seguir em frente” (New Way Forward)
Kamala escolhe estar do lado da mudança, não tanto da herança Biden. Posiciona-se como candidata do futuro e coloca Trump no passado, risco de voltar atrás. É, em parte, uma estratégia parecida com a reeleição Obama 2012, contra Romney. Kamala apresenta-se mais como “challenger”, colocando Trump quase como incumbente; tenta fazer desta eleição um referendo a Trump e não a Biden.
O primeiro grande aplauso foi conseguido com a promessa: “Não voltaremos atrás”. Sobre o 6 de janeiro e o risco para a democracia caso Trump voltasse. Segundo grande aplauso: quando falou do aborto. “Vários direitos fundamentais estarão em risco com Trump, como o acesso ao voto”.
Houve um terceiro grande aplauso quando acusou Trump de ser amigo de ditadores e gostar de ser um, exortando: “Na luta determinante entre liberdade e tirania, eu sei onde estou e onde os EUA estarão”.
Quanto a Israel/Gaza, deixou claro que manterá a via Biden de cessar-fogo, libertação reféns e defesa da segurança de Israel. Mas lembrou os 10 meses de destruição de Gaza e falou no direito à autodeterminação da Palestina. Pôs-se ao lado da Ucrânia, acusou Trump de preferir Putin e deixou bem vincado o seu compromisso com a NATO.
Uma interrogação: O que acontecerá até ao debate de 10 de setembro na ABC?
Um Estado: Califórnia
- A Califórnia tem 39,6 milhões de habitantes:
- 40% latinos;
- 35% brancos;
- 15% asiáticos;
- 5% negros;
- 1% nativos-americanos;
- Estado com maior população;
- Estado mais rico da União
Resultado em 2020: Biden 63,5%-Trump 34,3%
Resultado em 2016: Hillary 61,7%-Trump 31,6%
Resultado em 2012: Obama 60,3%-Romney 37,1%
Resultado em 2008: Obama 61,0%-McCain 36,7%
Resultado em 2004: Kerry 54,3%-Bush 44,4%
A Califórnia vale 53 votos no Colégio Eleitoral (num total de 538)
Uma Sondagem:
CALIFORNIA -- Kamala 65 / Trump 35
(Morning Consult, 9 a 13 agosto)