Henrique Gouveia e Melo afirma que Aníbal Cavaco Silva devia ser claro e dizer se apoia Luís Marques Mendes na corrida a Belém. Em reação a um artigo assinado pelo antigo Presidente da República, o candidato presidencial diz discordar dos elogios feitos à classe política.
Num artigo de opinião que assina no jornal Expresso, Cavaco Silva apresenta várias regras que considera essenciais para o cargo de Chefe de Estado. O antigo Presidente da República mencionou um requisito fundamental, com o antigo chefe do Estado-Maior da Armada como alvo – sem nunca mencionar, contudo, o nome de Henrique Gouveia e Melo.
"Será que todos os candidatos a Presidente que já se perfilam possuem a experiência política, os conhecimentos e os atributos pessoais necessários para promover a magistratura de influência que o país vai precisar nos próximos cinco anos e para atuar em caso de crise grave ou situações lesivas do superior interesse nacional? Falar é relativamente fácil; fazer bem é mais difícil”, defendeu Cavaco Silva.
Em declarações aos jornalistas, esta sexta-feira, Gouveia e Melo comentou as palavras do antigo Chefe de Estado. O candidato presidencial rejeitou sentir-se afetado pelo artigo, mas sugere que Cavaco Silva seja direto e assuma quem é que apoia na corrida a Belém.
“Revejo-me em algumas das qualidades e dos atributos que ele acha que são necessários a um Presidente da República. Independência, resiliência, coragem, determinação. Portanto, não me senti minimamente afetado pelo artigo”, afirmou Gouveia e Melo.
Já quanto a “considerar a política uma casta, um campo reservado a indivíduos que fizeram o seu percurso desde as juventudes partidárias, isso é que eu discordo completamente”, declarou.
Para o candidato a Belém, se “o ex-Presidente Cavaco Silva queria dizer que o candidato [que apoia] era o candidato do PSD, devia tê-lo dito de forma clara e não de forma disfarçada, e não de forma indireta”.
"Ventura quer ser Presidente ou primeiro-ministro?”
Henrique Gouveia e Melo comentou ainda o governo-sombra preparado pelo Chega, cujos primeiros nomes foram agora revelados. Gouveia e Melo insiste que André Ventura tem de deixar claro se quer ser candidato a Presidente da República ou primeiro-ministro.
“O dr. André Ventura terá de explicar à população portuguesa - não é a mim, é ao povo português - se quer ser primeiro-ministro ou se quer ser Presidente da República. Há uma contradição nos seus próprios termos, neste momento”, apontou o candidato à Presidência da República.
Gouveia e Melo afirma, apesar de tudo, que deseja “sorte democrática” ao adversário na corrida a Belém.
“Ele fará a sua candidatura, dará as suas propostas e fará o que tem de fazer, e eu farei o que tenho de fazer. Desejo-lhe a sorte democrática, como acho que ele deseja também a sorte democrática para o meu projeto”, concluiu.