Europeias 2024

Sondagem: as mudanças de prioridades dos portugueses sobre a União Europeia

Um estudo realizado para aferir a relação da sociedade portuguesa com a União Europeia conclui que a maioria dos inquiridos atribui mais responsabilidades ao Governo nacional do que à UE pelos problemas que mais os preocupam.

Sondagem: as mudanças de prioridades dos portugueses sobre a União Europeia
Sergio Amiti

Em ano de Eleições Europeias e quase 40 anos depois da adesão de Portugal à CEE, uma sondagem quis perceber o que sabe a sociedade portuguesa sobre a União Europeia, como avalia o desempenho das instituições europeias, o quanto se sente ouvida e representada pelas instâncias europeias, o posicionamento perante temas-chave, como integração, políticas ou moeda única. O Barómetro da Política Europeia foi realizada pela DOMP, S.A. para a Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Com o objetivo de avaliar a responsabilidade que os portugueses atribuem à UE em relação às questões que mais os preocupam, foi pedido aos inquiridos que indicassem qual a questão mais importante que Portugal enfrenta.

Foram comparados os dados de 2024 com os dados de 2019, quando a mesma pergunta foi feita no inquérito do projeto Maple Online Survey, antes das últimas eleições europeias.

Segundo o relatório da sondagem, “são visíveis algumas diferenças interessantes”:

  • Em 2019, apenas uma pequena parte da sociedade portuguesa estava preocupada com a migração (0,9%).
  • Em 2024, 9,1% indicam a (i)migração como uma questão relevante.

  • A habitação tornou-se o assunto mais saliente em 2024, com 13,8% a nomearem-na como o tema mais importante.
  • A habitação em 2019 tinha sido mencionada apenas por 5,1%.

Seguem-se os problemas da saúde (13,7%) e da economia (10,5%).

A corrupção apareceu na agenda em 2024 e é considerada importante por 6,3% dos inquiridos, não tendo sido objeto de questionamento em 2019.

Em 2024 surge na agenda política “a crise política/as eleições”, assunto que também não foi inquirido em 2019.

Assuntos como a inflação e o custo de vida — os mais mencionados em 2019 — perderam importância em 2024.

Nível de responsabilidade das instituições por assunto mais importante

Foi pedido aos inquiridos que indicassem até que ponto acham que a UE e o Governo português são responsáveis pelo assunto que consideraram ser o mais importante.

Numa escala de 0 a 10 ( 0 = “nada responsável” e 10 = “extremamente responsável”), a maioria dos inquiridos atribui um nível mais elevado de responsabilidade ao Governo nacional, padrão que se mantém em 2019 e 2024.

Podemos observar algumas diferenças entre os grupos socioeconómicos e políticos quanto às opiniões sobre a responsabilidade das duas instituições:

  • os homens e as gerações de meia-idade (35-54 anos) responsabilizam mais a UE
  • as pessoas com formação superior e as que têm uma posição ideológica à direita estão mais convencidas de que o Governo português é responsável pelos problemas políticos importantes que o país enfrenta
  • os inquiridos com atitudes populistas tendem a responsabilizar mais ambas as instituições, mas mais o Governo português.


Ficha Técnica

Este relatório baseia-se num estudo realizado pela DOMP, S.A. para a Fundação Francisco Manuel dos Santos, no início de 2024. O universo do estudo é composto pelos residentes em Portugal continental, com 18 ou mais anos de idade, falantes de língua portuguesa, com telefone da rede fixa ou acesso à internet.

Foram realizadas 1107 entrevistas, correspondendo a um erro máximo amostral de 3% (para um nível de confiança de 95%). O trabalho de campo decorreu entre os dias 3 de janeiro e 1 de fevereiro de 2024.

As entrevistas realizadas via telefone (42%) apoiaram-se num questionário estruturado de perguntas abertas e fechadas, inserido num programa informático (C.A.T.I.) gestor das entrevistas. Foram também realizadas inquirições online (58%), a partir de uma plataforma de inquéritos específica para o efeito. A taxa geral de resposta foi de 61,4%.

A seleção dos números de telefone foi feita aleatoriamente a partir das bases de dados existentes, e a seleção dos inquiridos foi realizada através de quotas de sexo, grupo etário (três grupos: 18-34 anos, 35-54 anos, 55 e mais anos) e região (NUTS II Portugal continental).