Europeias 2024

Debate na íntegra

Migrações, Defesa e Costa em Bruxelas: o primeiro debate entre AD, PS, Livre e IL para as Europeias

Foi na SIC o primeiro frente-a-frente entre Marta Temido, cabeça-de-lista do PS, Sebastião Bugalho, da AD, João Cotrim Figueiredo, do Iniciativa Liberal, e Francisco Paupério, do Livre. Veja aqui o debate na íntegra.

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O Pacto Europeu de Migração e Asilo, a Defesa, o alargamento da União Europeia (UE) e a possibilidade de António Costa assumir um cargo em Bruxelas marcaram o primeiro debate para as Eleições Europeias entre Marta Temido, cabeça-de-lista do PS, Sebastião Bugalho, da AD, João Cotrim Figueiredo, do Iniciativa Liberal, e Francisco Paupério, do Livre.

No frente-a-frente desta noite na SIC, Sebastião Bugalho disse que “o Partido Socialista entregou a política de imigrações em Portugal a redes de tráfico humano”, sendo acusado por Marta Temido de “profunda demagogia e insinceridade”.

“Há 400 mil imigrantes em Portugal que estão à espera que o seu processo seja concluído” que estão “vulneráveis” a tráfico humano e trabalhos forçados, criticou o cabeça-de-lista da AD.

A socialista lembrou que a questão das migrações é um tema “complexo e multidimensional” que vai ser preciso acompanhar “com muito cuidado”, defendendo uma imagem “humanista” e simultaneamente “realista” da situação.

Marta Temido recusou a ideia de medidas mais restritivas e esclareceu que a perspetiva do partido é “mais pragmática e humanista”.

“Não somos favoráveis à construção de muros”, exemplificou.

Por sua vez, o candidato da Iniciativa Liberal considerou que o tema “não pode ser tabu” nem deve ser “explosivo”, lamentando que existam partidos que fazem do tema da imigração “um cavalo de batalha política” e que se aproveitem da “desgraça alheia.

Sobre o pacto preparado na UE, considera que pode ser uma ajuda, mas assume que precisa “de ser afinado”.

O mesmo defende Sebastião Bugalho, para quem a única forma de combater a imigração ilegal e o tráfico humano é “através do reforço dos mecanismos de migração legal”, que no Pacto para as Migrações são “muito curtos e muito pouco ambiciosos”.

Já Francisco Paupério defende que “é melhor não ter um Pacto” para as Migrações do que ter uma solução que implica separar famílias e deter crianças.

“A alternativa é haver corredores humanitários, é humanizar a chegada e ter programas de inclusão que funcionam”, ao contrário do que está a acontecer em Portugal com os constrangimentos da Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA).

A propósito deste caso, João Cotrim de Figueiredo lembra que várias vezes avisou no Parlamento que a componente administrativa da extinção do SEF “não estava preparada” e que a falta de controlo e fiscalização leva também a falhas na integração dos imigrantes.

Alargar a família europeia

Sobre o alargamento da União Europeia com eventual entrada da Ucrânia, Sebastião Bugalho defendeu que Sérvia, Montenegro, Kosovo, Bósnia, Macedónia do Norte e Geórgia estão mais perto de entrar na união, pelo que devem ser “integrados gradualmente na família europeia”.

“Temos uma obrigação moral para com estes países”, argumentou.

Também João Cotrim de Figueiredo considerou que a União Europeia tem uma “obrigação moral” de acolher países que querem ter valores iguais aos europeus e assumiu que há “interesses políticos e económicos” no alargamento.

A candidata socialista reafirmou o “compromisso inequívoco” do seu partido com o alargamento, enquanto Francisco Paupério defendeu que é “uma questão de coesão”.

Defesa: Livre defende política comum, AD aponta caminho dos “defence bonds”

Francisco Paupério defendeu que a grande vantagem de ter uma política de Defesa comum é que esta teria de seguir “os princípios europeus” e ser alvo de escrutínio.

A União Europeia tem de se preparar para a eventual reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, tal como para o crescimento de refugiados climáticos, aponta o candidato do Livre.

Por sua vez, Sebastião Bugalho disse que a Europa “deve assumir-se como o pilar europeu da NATO” e não depender tanto dos Estados Unidos.

Por outro lado, é necessário investir em equipamentos de defesa contemporâneos, e o melhor caminho para o fazer é através de “defence bonds”, defendeu o candidato.

Marta Temido mostrou-se surpreendida com a proposta da AD e garantiu que o PS “não vai investir em armas não investindo em outras prioridades como casas”.

João Cotrim de Figueiredo lembrou que para cumprir os 10% da NATO são precisos cerca de 1.800 milhões de euros. “É mais de metade de uma TAP, é muito dinheiro”, disse.

Costa em Bruxelas, uma questão "xenófoba"?

Sobre o possível futuro de António Costa em Bruxelas, João Cotrim de Figueiredo afirmou que “preferir alguém só porque é português tem laivozinhos xenófobos”. Ainda assim, o cabeça-de-lista da IL disse desejar toda a sorte ao ex-primeiro-ministro.

Marta Temido respondeu afirmando que a visão de António Costa para a Europa “tem provas dadas”, enquanto Sebastião Bugalho lembrou que os eurodeputados não têm voto na matéria para a eleição do presidente da Comissão Europeia, pelo que não faz sentido que a discussão seja “o centro do debate para as eleições europeias”.

Francisco Paupério disse que os Verdes, família política europeia em que o Livre se integra, "não têm opinião sobre o assunto".

Clima ‘aqueceu’ entre IL e Livre

Não foi um tema em destaque no debate, mas os cabeças-de-lista da IL e do Livre envolveram-se num curto ‘bate boca' sobre as alterações climáticas. Francisco Paupério acusou João Cotrim de Figueiredo de negar a “emergência climática”, o que o candidato da IL desmentiu.

Cotrim Figueiredo esclareceu que não gosta é da expressão “emergência climática”. Desafiado por Paupério a sugerir então outra palavra para se referir ao tema, o candidato da IL atirou: “problema de alterações climáticas, pode ser?”.