Von der Leyen vai estar em Portugal a 6 de junho para participar na campanha da AD para as eleições europeias. Os partidos não têm reagido com agrado à notícia e Gonçalo Ribeiro Telles diz que "era previsível".
Na opinião do comentador da SIC, são possíveis "duas leituras".
"A questão da Von der Leyen pode ser interessante para AD na ótica de ser uma figura relativamente simpática e de estar no poder de ser atual Presidente da Comissão Europeia e haver uma grande probabilidade dela ser reeleita."
"A outra questão do Sebastião Bugalho querer se distanciar nalguns temas em relação ao próprio PPE e da questão da imigração que ele diz que AD tem uma visão de imigração mais humana de que o próprio grupo europeu em que está inserido." A Von der Leyen cola-se "um bocadinho aos grupos da extrema-direita e isso poder vir a ser um problema para a própria AD."
Gonçalo Ribeiro Telles acrescenta que a presença da presidente da Comissão Europeia em Portugal pode dificultar as “linhas vermelhas” de que o cabeça-de-lista da AD tem falado ao longo destes dias de campanha porque "o distanciamento que ele revelou em relação ao Pacto para as Migrações, por exemplo, deixa de ser tão entendível quando ele tem esta aproximação constante ao PPE".
Em relação ao Partido Socialista, Gonçalo Ribeiro Telles diz que é "entendível que tenha havido um distanciamento" por parte do PS em relação a Ursula Von der Leyen.
"É importante perceber que não é só o PS que tem este posicionamento e que no passado tinha um posicionamento diferente, é grande parte da centro-esquerda europeia. Isso é explicável facilmente porque realmente Von der Leyen tem-se aproximado muito (...) do grupo dos reformadores e conservadores que, para mim, é uma extrema-direita um bocado mais suave, mas praticamente idêntico ao grupo do Chega."
Quem "tem estado melhor" na campanha "são João Cotrim Figueiredo e provavelmente Catarina Martins"
O comentador analisa também o desempenho de cada cabeça-de-lista ao longo desta primeira semana de campanha. Sustenta que quem "tem estado melhor entre rua e debates são João Cotrim Figueiredo e provavelmente Catarina Martins".
"A experiência política dos dois tem sido bastante relevante."
No que refere a Sebastião Bugalho e Marta Temido, argumenta que "têm tornado a campanha interessante" e que podem fazer com que haja uma "diminuição da abstenção". Afirma ainda que acha que as trocas de acusações entre os dois candidatos "faz parte".
Bugalho "vai atrás do debate" acerca de certo assunto "e não larga o tema e ela, já quererá largar o tema porque não lhe interessa nesta picardia com Sebastião Bugalho quando quer que o próprio Chega seja visto como a maior oposição" ao PS.
Gonçalo Ribeiro Telles fala ainda da campanha do Livre, do Pan e da Chega.
"Da campanha do Livre, o que eu destaco de pior é claramente este distanciamento, quase inexplicável, em relação ao líder do partido, Rui Tavares (...). Francisco Paupério está totalmente sozinho. Do PAN não há muito a dizer, eu acho que" em relação ao cabeça-de-lista "não vejo ali grande acrescento, mas também o próprio partido, não sei se conseguirá eleger".
Tânger Correia "é um quadro fraquíssimo a todos os níveis"
No que refere ao Chega, defende que Tânger Correia "é um quadro fraquíssimo a todos os níveis". Sobre os temas da campanha do partido, o comentador diz que o que o assustou "foi, ontem, a questão de André Ventura a falar mais uma vez da imigração e desta questão das nacionalidades que ele queria que viessem descritos nos relatórios criminais".
"Isso não só é inconstitucional, como é recomendado pela União Europeia, que não seja assim porque ter isso discriminado acentua o discurso de ódio e além de ser perigoso, é inconstitucional."
Gonçalo Ribeiro Telles explica que segundo os últimos relatórios de segurança interna “o aumento da imigração em Portugal nos últimos anos não significou um maior aumento do crime ligado à imigração”, mas significou um decréscimo.
"Isto que André Ventura faz é extremamente perigoso. Eu acho que está a querer que um dos países mais seguros do mundo, se torne um dos países mais perigosos e mais inseguros do mundo", conclui.