Europeias 2024

Caso gémeas entra na campanha: Temido rejeita envolvimento, partidos divergem nas reações

Houve buscas ao Ministério da Saúde e ao Hospital Santa Maria, e o ex-secretário de Estado Lacerda Sales foi constituído arguido, por causa da polémica do tratamento de duas gémeas luso-brasileiras. O caso remonta ao tempo em que uma das atuais candidatas às europeias, Marta Temido, era ministra da Saúde. 

Loading...

Marta Temido reafirma que não teve qualquer envolvimento no caso das gémeas que receberam tratamento no Hospital de Santa Maria. A ex-ministra da Saúde diz confiar na Justiça e garante que está disponível para prestar esclarecimentos.

O caso entrou na campanha para as eleições europeias ao penúltimo dia, mas Marta Temido garante que não está preocupada. “Não temo que afete a minha campanha. Sei que as pessoas sabem que a intervenção da ministra da Saúde relativamente à autorização de medicamentos não existe”, declarou a cabeça de lista do PS, que era titular da pasta da Saúde, quando o polémico caso ocorreu.

“Estar na política é também uma questão de carácter. De ter capacidade de olhar para as pessoas (...) olhos nos olhos e dizer: “Eu não tive nada a ver com isto””, garantiu.

As buscas acontecem a poucos dias das eleições, mas Marta Temido sublinha que “quem está na vida política já se surpreende com muito pouca coisa”.

“Eu confio na Justiça, confio no Ministério Público, confio na Polícia Judiciária, confio nas instituições. Portanto, tenho a certeza de que os ‘timings’ e as diligências são fundados apenas num objetivo – que é apurar a verdade”, afirmou, apesar de tudo, a candidata socialista, que admite esperar ser chamada pelas autoridades para prestar esclarecimentos.

Além de esclarecer a Justiça, a ex-ministra terá de dar explicações políticas, quando for chamada à comissão parlamentar de inquérito sobre o caso.

Partidos longe da unanimidade

Pelo Chega, André Ventura considerou “estranho” que Marta Temido “não saiba de nada”.

Rui Rocha, da Iniciativa Liberal aponta que não serve a ex-ministra dizer que nada tem a ver com o caso. “Como não, se está em investigação algo que aconteceu no seu ministério?”, questiona.

Por outro lado, há quem tenha optado por não atacar a adversária na corrida às europeias. Sebastião Bugalho, o candidato da Aliança Democrática, afirmou que seria “uma irresponsabilidade democrática e cívica” fazê-lo.

“Eu não vou contribuir para esse tipo de ambiente eleitoral”, declarou Bugalho.

Também Francisco Paupério, cabeça de lista do Livre, recusou comentar o caso.

Mas entre a crítica e a cautela, há posições muito diferentes sobre os tempos da investigação.

“A Justiça tem e deve ter garantias de independência face ao poder político. Julgo também que a Justiça tem de provar a sua independência na forma como atua”, apontou Catarina Martins, candidata do Bloco de Esquerda.

o líder do PCP, Paulo Raimundo, referiu que “não há boas alturas nem más alturas para a Justiça avançar”.

Quanto a Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, defendeu que este tipo de ações, em plena campanha eleitoral, não credibilizam o Ministério Público.

Depois das demissões de António Costa e de Miguel Albuquerque, o polémico caso das gémeas volta a cruzar política e Justiça.