Europeias 2024

Análise

Altos cargos da Europa: "Ninguém pode excluir que se tire um coelho da cartola à última da hora"

O futuro de António Costa começa a desenhar-se esta segunda-feira. Os chefes de Estado e de governo da União Europeia têm um jantar marcado em Bruxelas, onde vai começar a ser discutida a distribuição dos cargos de topo. O especialista em assuntos europeus Henrique Burnay esteve na SIC Notícias a analisar possíveis "surpresas".

Loading...

Os líderes europeus reúnem-se esta segunda-feira pela primeira vez depois das eleições europeias, num jantar informal dedicado à discussão dos cargos de liderança na Europa. Henrique Burnay, especialista em assuntos europeus, indica que "tudo parece encaminhado", mas não descarta uma "surpresa". Apresenta ainda um calendário para os altos cargos da União Europeia num "cenário onde corre tudo bem".

Na Edição da Manhã, o especialista em assuntos europeus explica que o encontro desta segunda-feira é informal, para "alinhavar soluções". Para já, tudo aponta para que "esteja bem encaminhado nesse sentido". Na próxima semana, haverá uma reunião de chefes de Estado e de Governo "onde vão decidir tudo".

E prossegue: "Já se sabe que o PP é o partido mais votado e que o PPE o lugar que quer em toca é a presidência da Comissão".

Nestas eleições europeias, os socialistas "tiveram mais força" e querem a presidência do Conselho Europeu. Sobre a presidência do Parlamento, já "há dois nomes".

Henrique Burnay sublinha que a Alemanha e França tiveram "grandes dificuldades" nos resultados. Nesse sentido, acredita que a "surpresa que pode surgir" vem de França, se Macron viesse com a "ideia original para ganhar embalagem para as legislativas". Ainda assim, os restantes líderes podiam dar espaço ou, pelo contrário, não dar. Esse será o "ponto de interrogação" neste momento.

O ex-primeiro-ministro está agora na primeira fila para liderar o órgão onde se sentam os líderes dos 27.

Questionado sobre se Emmanuel Macron apoia a candidatura de António Costa ao Conselho Europeu, o especialista diz que deve apoiar, mas "ninguém pode excluir que tire um coelho da cartola à última da hora".

"Isto é um grande pacote, está tudo a ser negociado. Num momento destes, ninguém quer mostrar as cartas todas".

Sobre o anúncio do próprio António Costa, o especialista em assuntos europeus realça a importância do apoio do Governo português. "É sabido que, neste momento, já está ativamente a trabalhar para isso, quer com os socialistas europeus, quer com o Governo português", acrescenta.

Na Edição da Manhã, Henrique Burnay apresenta um "possível calendário", num cenário "onde corre tudo bem". Na próxima semana, na cimeira de chefes de Estado e de Governo, poderiam anunciar "os nomes que teriam decidido". Na sessão plenária, seria eleita a presidente da Comissão Europeia. Depois, os Estados começariam a enviar os nomes dos comissários, que têm audições. Quando este processo estiver concluído, teríamos a Comissão aprovada "algures entre fim de setembro e meio de outubro". "Com tudo fechado, em dezembro, António Costa tomaria posse", sinaliza.