Quando, em 2004, Durão Barroso decidiu apanhar os ventos europeus, ficou numa posição parecida à que António Costa teve esta semana: levou um nome para ocupar o lugar que ia ficar vago na cúpula do governo. O nome era Pedro Santana Lopes e ao contrário do que aconteceu agora com Mário Centeno o “menino guerreiro” foi aceite por Jorge Sampaio.
O fim dessa era terminou de forma traumática pelo menos para o atual Presidente da República, que invocou o caso Santana na comunicação que fez ao país como uma das justificações para avançar para novas eleições.
“As circunstâncias agora são muito diferentes”, garante o Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz. Mas o Presidente “fez bem, foi talvez a opção menos má”.
Apesar de compreender a posição de Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista ao Facto Político (todos os sábados no site da SIC Notícias) o antigo primeiro-ministro deixa claro que esta decisão não deve ser inquestionável: “O presidente tinha obrigação e o dever de considerar” a solução apresentada pelo Partido Socialista. E usa o exemplo britânico, em que os Primeiros-Ministros se sucedem sem que se realizem eleições legislativas, para mostrar que a decisão podia ser outra: “Substituir um Primeiro-Ministro não pode ser um dogma”.
Sobre o futuro do PSD, considera que Luís Montenegro tem um bilhete da lotaria, “mas é preciso esperar que ande a roda”. Não acredita que o assunto “Chega” seja o mais relevante, pedindo que se ponha a tónica noutra questão: “O PS viabilizará um governo minoritário do PSD?”.
Com eleições marcadas para março, lamenta que o prazo seja tão alargado e talvez por ainda ter muito tempo para refletir diz que ainda não sabe se vai envolver-se na campanha eleitoral ao lado de Luís Montenegro: “Não tomo essas decisões apenas com base em pessoas. Quero ver se o PSD é capaz de unir o centro-direita". Seria mais fácil com Passos Coelho? “Não vou entrar por aí”.