Queda do BES

Seguro defende que dinheiros públicos não devem cobrir erros dos privados

O secretário-geral do Partido Socialista (PS),  António José Seguro, declarou hoje que os fundos públicos não devem ser  usados para cobrir falhas dos privados e que estes devem ser responsáveis  pelos seus investimentos. 

"Não aceitámos e não aceitamos que o avanço das economias de mercado  se faça à custa do retrocesso dos direitos sociais dos trabalhadores e das  trabalhadoras", enfatizou o Secretário Geral do PS
NUNO VEIGA

Em declarações aos jornalistas sobre a situação do Banco Espírito Santo  (BES) no final da apresentação do livro "Compromisso com a região", de balanço  do mandato 2012-2014 dos órgãos federativos do partido no Porto, Seguro  lembrou que a solidez do sistema bancário é uma das condições do programa  de assistência económica e financeira, mas é também "uma condição de confiança  dos portugueses nos seus bancos e é muito importante que não haja mais dinheiros  públicos envolvidos para cobrir erros que os privados tenham cometido".

"O meu desejo é que esta situação seja resolvida rapidamente e que,  de facto, quem faz investimentos privados seja responsável pelos seus investimentos,  quer quando dão lucros quer quando dão prejuízos", afirmou o secretário-geral  socialista. 

António José Seguro ressalvou que "uma coisa é o banco, outra coisa  é o Grupo Espírito Santo" e recordou que a sua responsabilidade enquanto  líder do PS consistiu em "recolher informação e esclarecimentos para que  não existam surpresas como aconteceram com o BPN e o BPP", tendo, para isso,  pedido uma reunião ao governador do Banco de Portugal. 

"Com base nos esclarecimentos que o governador do Banco de Portugal  me deu saí com menos preocupações porque a minha responsabilidade é defender  os depositantes, em particular os pequenos depositantes, e garantir que  a supervisão correspondeu às suas responsabilidades, mas também defender  os contribuintes, os portugueses, para que não haja novas surpresas", afirmou  Seguro, que reiterou a necessidade de separar a "política dos negócios".

Nas últimas semanas, foram tornados públicos vários problemas no Grupo  Espírito Santo (GES), a que se juntam alterações na gestão do BES, com a  saída do líder histórico do banco, Ricardo Salgado. 

Depois de inicialmente ter sido apontado o atual administrador financeiro  Morais Pires para presidente executivo do banco, no sábado, o ESFG anunciou  os nomes do economista Vítor Bento (atual presidente da gestora do Multibanco,  SIBS) para presidente executivo e de João Moreira Rato (atual presidente  do IGCP, entidade responsável pela emissão e gestão da dívida pública) para  administrador financeiro. Já o deputado social-democrata e ex-juiz do Tribunal  Constitucional Paulo Mota Pinto será presidente do Conselho de Administração.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse que  os depositantes do BES têm razões para confiar no banco e afirmou não ter  dúvidas quanto à tranquilidade do sistema financeiro português. 

Também durante a manhã de sexta-feira, o Banco de Portugal saiu a público  para garantir que o BES detém um montante de capital "suficiente" para acomodar  eventuais impactos negativos decorrentes da exposição ao GES, tranquilizando  os clientes em relação aos seus depósitos. 

      

Lusa