Queda do BES

Ações do BES saem hoje do PSI20 e a valer zero euros

As ações do BES são excluídas hoje do PSI20, continuando os títulos no índice geral mas suspensos de negociação, ficando assim o principal índice da bolsa portuguesa reduzido a apenas 18 cotadas.

(Lusa/ Arquivo)
MÁRIO CRUZ

A decisão da Nyse Euronext, a gestora da bolsa portuguesa, aconteceu  depois de no domingo, 03 de agosto, o Banco de Portugal ter tomado o controlo  do BES, que foi extinto nesse dia tal como era conhecido até então. As ações  do BES saem do PSI20 a zero euros (0,00Euro), valor tido como preço de referência  para cálculos de carteira.  

Apesar de só agora saírem do PSI20, as ações do BES estão suspensas  de negociação já há mais de uma semana, desde sexta-feira 01 de agosto,  numa decisão tomada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). 
  
Os dias que antecederam a decisão do regulador do mercado foram de grande  volatilidade para as transações do banco fundado pela família Espírito Santo  e, só nos 42 minutos antes da suspensão de negociação, foram comercializadas  83 milhões de ações do banco.   
  
O elevado volume e a intensa volatilidade de negociações de ações do  BES nessa sexta-feira já levou a CMVM a abrir uma investigação para saber  se houve fugas de informação.   
  
Este tema parece ter mesmo aberto uma 'frente de batalha' entre a CMVM  e o Banco de Portugal, com a CMVM a já ter feito dois comunicados em que  esclareceu que só tomou a decisão de suspender as ações do BES naquela sexta-feira  pelas 15:42 porque só nesse momento teve "conhecimento de iminentes desenvolvimentos  que vieram a ser conhecidos durante o fim-de-semana" a propósito da solução  para o BES.  
  
Garantiu ainda a entidade liderada por Carlos Tavares que desconhecia  na altura outras decisões que, "tudo indica", influenciaram os preços dos  títulos.  
  
Já no Parlamento, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, afirmou  que a CMVM esteve sempre informada quanto ao que estava a ser preparado  para o BES e disse que a hipótese de aplicar uma medida de resolução ao  banco só foi colocada em cima da mesa depois do fecho do mercado de sexta-feira  01 de agosto.  
  
Segundo Carlos Costa, o que o Banco de Portugal sabia ao início da tarde  dessa sexta-feira era que tinha até segunda-feira para encontrar uma solução  para o BES, isto porque nesse dia, à hora de almoço, o Conselho de Governadores  do Banco Central Europeu (BCE) decidiu por teleconferência suspender o acesso  do BES às operações de política monetária com efeitos até 04 de agosto (segunda-feira  seguinte).  
  
Na noite de domingo 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo  do BES e anunciou a separação da instituição em duas.  
  
O chamado banco mau ('bad bank') ficou com os ativos e passivos tóxicos  do antigo BES e, apesar de se continuar a chamar BES, não tem licença bancária  e está em liquidação. É também no 'bad bank' que ficam os cerca de 30 mil  acionistas do BES, que deverão perder tudo ou quase tudo.  
  
Já no 'banco bom', o chamado Novo Banco, ficaram os ativos e passivos  considerados não problemáticos do ex-BES, recebendo esta nova instituição  financeira uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros através do Fundo  de Resolução bancário.  
  
Lusa