Foi apresentado no final da semana passada, mas parece convencer pouco. Enquanto se aguarda pelo nome escolhido para a Secretaria de Estado da Agricultura, candidato ou candidata que será o primeiro a ser sujeito ao teste das 36 perguntas, vão ecoando ondas de choque por o anunciado mecanismo de escrutínio ser apenas um questionário.
“Não é fiscalizado por nenhuma entidade externa, é secreto, mas não diminui em nada a responsabilidade que é exclusiva de quem compõe o Governo”, afirma a comentadora SIC, Ana Gomes, que recuperando o caso de Carla Alves assume que não era “por falta de saberem”, foi sim “feita uma avaliação politicamente errada”, que foi corrigida “por pressão da intervenção da opinião pública e do Presidente da República”.
No mesmo sentido, Luís Marques Mendes diz que este mecanismo “soube a pouco”. E porquê? “Isto foi tudo uma grande encenação. Sejamos sérios, mas não parvos e ingénuos. (…) se, de hoje a amanhã, surgir algum problema, o primeiro-ministro partilha responsabilidades”.
"A culpa não é só dele a partir de agora. É dos ministros que assinaram um papel” e daí em diante, avisou o comentador e antigo líder do PSD.
Ainda que o objetivo seja um escrutínio prévio à nomeação, não há nada que, na prática, trave que o governante proposto tome posse, depois de responder às perguntas. Até porque o mecanismo esta assente, disse-o Mariana Vieira da Silva no final do Conselho de Ministros, num compromisso de honra.
Se o atual líder da oposição, Luís Montenegro, optou por não questionar a adoção do mecanismo mas antes lançar o desafio a António Costa para fazer passar o teste por todos os membros do Governo, o anterior presidente do PSD, que tanto clamava pelo banho de ética, quer agora ver tudo de fora.
“Tenho acompanhado [os casos e casinhos] como acompanham os dez milhões de portugueses. Agora não vou comentar nada, vou manter essa atitude que acho que eticamente me é devido (…) não acho bem quando uma pessoa sai e depois começa a comentar tudo”, justificou Rui Rio.