A Polícia Judiciária (PJ) não encontrou no Ministério da Defesa o relatório do trabalho de assessoria técnica, alegadamente executado por Marco Capitão Ferreira. Ao que a SIC apurou, os inspetores descobriram o registo da adjudicação e do pagamento do contrato, documentos que podem levar a investigação a outros lados.
O ex-secretário de Estado da Defesa recebeu mais de 60 mil euros por um trabalho de cinco dias, que envolveu os helicópteros EH-101.
Os inspetores da PJ realizaram buscas na casa de Marco Capitão Ferreira, que foi constituído arguido por suspeitas de corrupção e participação económica em negócio.
A Polícia Judiciária realizou na sexta-feira buscas no Ministério da Defesa. Ao que a SIC apurou, levaram processos que podem comprometer outros elementos da Direção-Geral de Recursos da Defesa.
A SIC sabe ainda que no Ministério da Defesa não existe o registo de nenhum trabalho de assessoria técnica executado por Marco Capitão Ferreira. Só foi encontrada a documentação relativa à aprovação e pagamento deste contrato pela Direção-Geral de Recursos, em 2019.
A documentação relacionada com a aprovação e pagamento deste contrato tem a assinatura de Alberto Coelho. Dois anos depois, em 2021, Alberto Coelho, ex-diretor-geral de Recursos, é apontado para a presidência da ETI - uma empresa pública do universo da IDD, então liderada por Capitão Ferreira.
De acordo com João Gomes Cravinho, foi Marco Capitão Ferreira quem propôs a nomeação. Nessa altura, já existam suspeitas de ilegalidade de Alberto Coelho nas derrapagens das obras do ex-Hospital Militar de Belém.
A polémica do "assessor fantasma"
Mas há mais polémicas que envolvem Marco Capitão. O jornal Expresso revela que o ex-governante contratou um assessor que nunca terá sido visto no local de trabalho.
José Miguel Fernandes foi nomeado assessor da Administração da IDD para realizar um estudo sobre a Economia da Defesa. Mas o coordenador do trabalho garante que este não escreveu uma linha.
Ricardo Pinheiro Alves explica ao Expresso que o nome de José Miguel Fernandes só aparece na lista de colaboradores por exigência de Marco Capitão Ferreira, com o objetivo de justificar a continuidade na empresa.
Esta é, portanto, mais uma suspeita de contratação-fantasma.