Guerra na Síria

Assad diz que nunca quis fugir da Síria, governo de transição insiste que ex-presidente tem de ser punido na Justiça

O novo governo considera que Assad é um criminoso de guerra e que deve ser julgado pelos crimes que cometeu. Ao mesmo tempo, a Síria é atingida por centenas de bombardeamentos israelitas, apesar de o primeiro-ministro de Israel negar estar interessado em qualquer conflito na zona.

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O ex-presidente da Síria afirma que o país está nas mãos de terroristas e garante que nunca quis demitir-se ou fugir de Damasco. As primeiras declarações de Bashar al-Assad, desde a queda do regime, foram conhecidas num comunicado emitido no canal Telegram.  

A saída do país, declara Assad, só aconteceu a 8 de dezembro, 24 horas depois da queda de Damasco. O ex-presidente diz que partiu para o exílio da base aérea da Rússia, sob bombardeamentos e após a deserção das tropas governamentais.  

O novo poder reagiu de imediato. Assad é um criminoso de guerra que deve ser levado à Justiça para o bem do povo sírio”, declarou Obeida Arnaout, porta-voz do governo de transição da Síria. 

O comunicado não mereceu a reação do Kremlin, mais interessado, para já, em discutir com o novo poder a presença militar russa em solo sírio. 

Israel continua ataques em solo sírio

A nível militar, as últimas 24 horas foram marcadas pelas dezenas de bombardeamentos de Israel na costa da Síria. O maior dos ataques atingiu instalações militares em Tartus, nas imediações da base naval russa. 

Desde o fim do regime, já foram realizados perto de 500 ataques contra bases e paióis, sob a justificação de evitar o controlo dos arsenais pelos movimentos radicais. 

Nos montes Golã, as tropas israelitas reforçaram a ocupação da zona tampão, cumprindo ordens para uma ocupação longa da região.O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, garante que não está interessado num conflito com o país vizinho. 

Em Damasco, o chefe da coligação rebelde acusou Israel de inventar pretextos para conquistas territoriais injustificadas. Ahmed al-Sharaque, até à semana passada, usou o nome de guerra Abu Mohammed al-Julani- anunciou que não quer mais conflitos nem destruição, e que a prioridade é a estabilidade e a reconstrução.  

Esta segunda-feira, al-Shara reuniu-se com o representante das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, que sublinhou que o país deve receber rapidamente “um grande fluxo de apoio”, ao nível de alimentação, medicamentos e abrigos, mas também fundos para “reconstruir uma Síria em que as pessoas possam voltar a acreditar”.

Segundo as Nações Unidas, perto de 17 milhões de sírios precisam urgentemente de ajuda humanitária.