Pela primeira vez na história da Síria, foi nomeada uma mulher para liderar o Banco Central do país. Uma nomeação que tem particular relevância, numa altura em que o novo homem-forte da Síria procura mostrar-se como moderado.
Numa entrevista ao canal saudita Al-Arabia, Ahmed al-Sharaa reforçou a imagem que tem tentado passar nos últimos anos e sobretudo nas últimas semanas, desde que de forma surpreendente o grupo de rebeldes islâmicos que lidera conseguiu derrubar Bashar al-Assad.
Pouco depois da emissão da entrevista, era anunciada a nomeação da primeira mulher para a liderança interina do Banco Central sírio. A escolha recaiu sobre Maysaa Sabrine, que tinha já uma posição de liderança na instituição.
A nomeação é histórica e é mais um sinal de que Ahmed al-Sharaa pretende sublinhar a ideia de moderação e também de compromisso com os direitos das mulheres.
Cinco décadas depois do início da dinastia Assad, 13 anos depois do início da guerra civil que devastou o país, o novo homem-forte da Síria diz que é preciso tempo para uma transição sólida.
“A redação de uma nova Constituição ou de uma alteração constitucional requer muito tempo, precisa de especialistas, pode demorar dois ou três anos”, disse.
Al-Sharaa assegura que não pretende exportar a revolução, que quer estabelecer boas relações com a Rússia, Estados Unidos, Turquia e Irão e que os novos tempos exigem medidas extraordinárias como a dissolução do grupo que lidera.
“Não é apropriado que o Estado seja gerido com a mentalidade de grupos e fações.”
O ainda líder rebelde, filho de um economista e de uma professora de geografia, tem em mãos uma missão que parece inalcançável: a de pacificar, unir e reconstruir um país devastado pela guerra, fragmentado em dezenas de grupos étnicos e religiosos e cobiçado por potências regionais e mundiais com interesses muito divergentes.