Guerra no Médio Oriente

Cessar-fogo em Gaza: o que se sabe sobre o acordo entre Israel e Hamas

O acordo de três fases, que só será votado esta quinta-feira pelo governo de Benjamin Netanyahu, prevê também a entrega dos corpos de reféns e combatentes e o início da reconstrução.

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O primeiro-ministro do Qatar anunciou esta quarta-feira um cessar-fogo na Faixa de Gaza. O acordo entre o Hamas e Israel põe fim a quinze meses de guerra.

Mohammed bin Abdulrahman Al Thani referiu que o acordo alcançado abre o caminho para dezenas de reféns israelitas regressarem a casa, confirmando a libertação de 33 reféns israelitas durante a primeira fase da trégua na Faixa de Gaza, cenário de uma guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas desde 7 de outubro de 2023.

Como vai ser a primeira fase da trégua?

O governante especificou que a primeira fase da trégua tem uma duração prevista de 42 dias.

"O Hamas vai libertar 33 prisioneiros israelitas, incluindo mulheres civis (...), crianças, idosos, civis doentes e feridos, em troca de vários prisioneiros detidos nas prisões israelitas. Os pormenores das fases dois e três da trégua serão finalizados quando a primeira fase for concretizada", acrescentou numa conferência de imprensa.

Os primeiros cativos do Hamas podem ser libertados no domingo. Em Telavive, os familiares celebraram mas continuaram a exigir a entrega de todos os reféns.

Nos próximos dias, inicia-se a retirada militar de Gaza. A saída das tropas israelitas será gradual durante seis semanas, acompanhada pelo regresso das populações ao norte do enclave e pelo envio de seiscentos camiões de ajuda humanitária.

O acordo de três fases, que só será votado na quinta-feira pelo governo de Netanyahu, prevê ainda a entrega dos corpos de reféns e combatentes e o início da reconstrução.

Mediadores vão manter-se vigilantes

Nas mesmas declarações, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani anunciou que o Qatar, o Egito e os Estados Unidos, países que passaram o último ano a tentar mediar o fim da guerra na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns, vão controlar a aplicação do acordo de tréguas através de um mecanismo de vigilância estabelecido no Cairo.

"Será criado um mecanismo de vigilância gerido pelo Egito, o Qatar e os Estados Unidos. Com sede no Cairo, este mecanismo vai envolver uma equipa conjunta dos três países para acompanhar a aplicação do acordo", afirmou.

"Mais de um ano de esforços implacáveis"

Momentos depois das declarações do líder do Qatar, o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, descreveu o acordo como o resultado de "mais de um ano de esforços implacáveis de mediação egípcios, qataris e americanos".

Em comunicado, enfatizou "a importância de agilizar a chegada de ajuda humanitária de emergência ao povo de Gaza para lidar com a atual situação humanitária catastrófica".

O Hamas defendeu, também em comunicado, que o acordo de cessar-fogo em Gaza foi o resultado da "tenacidade" do povo palestiniano e da "valente resistência" do movimento.

"O acordo de cessar-fogo é o produto da lendária tenacidade do nosso povo palestiniano e da nossa valente resistência na Faixa de Gaza durante mais de 15 meses", afirmou o movimento.

O acordo, adiantou, abriu "o caminho para a concretização de as aspirações do povo pela libertação".

471 dias de guerra depois...

O conflito em curso em Gaza foi desencadeado por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou quase 47 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

Com LUSA