As enfermarias em Gaza estão cheias de crianças em estado crítico, desnutridas, muitas já sem forças para chorar. A fome já matou 113 pessoas, 86 eram crianças.
Mesmo perante imagens diárias de hospitais sobrelotados e números de mortes por inanição, a maioria bebés e crianças, a comunidade internacional continua a adiar medidas concretas que poderiam salvar vidas. Israel impede a entrada de toneladas de alimentos retidos nas fronteiras.
A Organização Mundial da Saúde alerta que os centros de tratamento da desnutrição aguda estão no limite. Mais de 20% das grávidas e lactantes estão desnutridas.
Entre os que morrem à fome e os que são mortos a tiro junto a centros de ajuda humanitária controlados por Israel e pelos Estados Unidos, somam-se ainda as vítimas dos bombardeamentos diários. Só nas últimas 24 horas, pelo menos 79 pessoas morreram e mais de 450 ficaram feridas em ataques israelitas.
No meio da tragédia, um ministro do governo de Benjamin Netanyahu assumiu, sem rodeios, os planos para Gaza.
Esta quinta-feira, em entrevista à Rádio Kol Barama, o ministro do Património, Amichai Eliyahu, afirmou: "O governo israelita está a acelerar para destruir Gaza". E garantiu: "Gaza vai ser dos judeus".
Há um ano e meio, o mesmo dirigente de extrema-direita já tinha sugerido o uso da bomba atómica contra Gaza. Em maio, defendeu publicamente o bombardeamento de todos os armazéns de alimentos no enclave para levar os palestinianos à fome.
Hoje, perante a inação internacional, as palavras de Eliyahu parecem estar a ser postas em prática. A destruição em Gaza não é apenas física, é a aniquilação do que resta da sua população, identidade e dignidade.