De Gaza continuam a chegar imagens dramáticas de crianças a morrer à fome e o número de mortos causados pela desnutrição continua a aumentar de dia para dia: já morreram 113 pessoas, mais de 20 eram crianças. Devido ao bloqueio israelita à entrada de ajuda, a ONU e os parceiros humanitários não conseguem entregar alimentos há quase 80 dias.
Entregue ao cuidado dos tios, depois dos pais terem sido mortos num bombardeamento, Auday está em risco de morrer à fome.
"O Auday sofre de desnutrição grave, não está a aceitar leite, nem nutrientes, nem suplementos, e tudo isto se deve ao seu complicado estado de saúde."
Segundo a OMS, os centros de desnutrição aguda em Gaza estão sobrelotados. Entre as mulheres grávidas e lactantes, mais de 20% sofre de desnutrição, muitas vezes grave.
"A mãe de Aliwa precisa de comida ou nutrientes para produzir leite. Não há nada. Onde posso arranjar comida? Quero dizer, não há comida em toda a Faixa de Gaza. Estamos num estado de fome infantil. Até um bebé de seis meses tem de ser alimentado. Não há nada. Nem há um simples biscoito para o podermos alimentar."
Dalia tem poucos motivos para sorrir, mas esforça-se, sentada ao lado do filho que sofre de paralisia cerebral. Diz que há alturas em que não comem durante dias.
"Vivemos à base de água. O Saaed, por exemplo, vive há quatro dias à base de água e sal porque ficou desidratado e tem diarreia frequente, vomita, tem a cara amarela, está sempre tonto e só quer dormir."
Os hospitais registaram duas novas mortes nas ultimas 24 horas. Garantem que o balanço total está agora nas 113 vitimas mortais por causa da fome.
Nos poucos postos de distribuição de alimentos ainda a funcionar, famílias desesperadas esperam por uma concha de sopapara não passar mais um dia, sem comer.
No entanto, toneladas de alimentos, água potável e medicamentos continuam barrados por Israel às portas de Gaza. Apenas uma pequena parte do que é necessário está a chegar à população.
Israel continua a dizer que está comprometido em permitir a entrada da ajuda. Diz até que já deixou entrar comida suficiente em Gaza durante o conflito e aponta o dedo ao Hamas pelo sofrimento da população.