Guerra no Médio Oriente

Familiares de reféns israelitas vão a Nova Iorque pressionar Netanyahu durante reunião na ONU

O objetivo é pressionar o primeiro-ministro israelita durante a Assembleia-Geral da ONU na cidade norte-americana. As famílias apelam a um acordo para libertar os 48 reféns restantes e criticam a pressão militar em Gaza, que consideram colocar em risco a vida dos reféns.

Familiares de reféns israelitas vão a Nova Iorque pressionar Netanyahu durante reunião na ONU
Oded Balilty // AP

Os familiares dos reféns israelitas ainda retidos em Gaza levantaram esta terça-feira o acampamento em frente à casa do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e vão dirigir-se aos Estados Unidos para pressioná-lo na Assembleia-Geral da ONU, a decorrer em Nova Iorque.

"Na última semana acampámos em frente à residência do primeiro-ministro Netanyahu, pedindo-lhe que desse prioridade aos reféns. Agora que ele vai viajar para os Estados Unidos, segui-lo-emos até lá. Não deixaremos que se esqueça dos reféns", afirmou Carmit Palty Katzir, irmã do prisioneiro Elad Katzir, numa declaração assinada por vários familiares.

Netanyahu viaja para Nova Iorque na quinta-feira onde irá discursar no debate geral de alto nível da 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU. Na mesma ocasião, o governante irá reunir-se com o Presidente norte-americano, Donald Trump.

"O meu irmão, Elad Katzir, foi brutalmente assassinado em cativeiro como resultado direto da pressão militar. Um acordo poderia tê-lo salvo", lamentou a irmã.

O corpo de Katzir foi resgatado pelo exército israelita em Gaza a 6 de abril de 2024, contudo, tinha aparecido vivo em vídeos do grupo extremista palestiniano Hamas durante o seu rapto.

Os familiares dos reféns defendem que a pressão militar aplicada na Faixa de Gaza por decisão do Governo de Netanyahu coloca em risco todos os que ainda estão detidos pelo Hamas.

"Não podemos deixar que mais reféns sejam as próximas vítimas"

Até à data, 42 reféns que chegaram vivos a Gaza morreram em cativeiro, alguns por fogo das próprias tropas de Israel.

"Não podemos deixar que mais reféns sejam as próximas vítimas. Não podemos deixar que mais soldados sejam enviados para uma armadilha mortal (...). Não podemos deixar que pessoas inocentes em Gaza continuem a morrer por causa desta guerra", exigiram as famílias.

Em Gaza, a retaliação de Israel aos ataques do Hamas, perpetrados em 7 de outubro de 2023, já provocou mais de 65 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Na segunda-feira, França, Andorra, Bélgica, Luxemburgo, Malta e São Marino reconheceram formalmente o Estado da Palestina, um dia depois de o terem feito Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália.

Netanyahu deslocar-se-á aos Estados Unidos para defender a posição de Israel durante a Assembleia-Geral da ONU, sobretudo na sequência desta vaga de reconhecimentos do Estado palestiniano.

Pedem a Trump que pressione Netanyahu

As famílias apelaram a Trump para que pressione o líder israelita a regressar à mesa de negociações para um cessar-fogo em Gaza, que consideram ser a única medida que permitirá resgatar os 48 reféns que ainda se encontram no enclave palestiniano.

"O nosso Governo recusa-se a colocar ofertas reais na mesa de negociações e acusa ativamente as negociações. A sua decisão de ocupar a cidade de Gaza coloca os reféns, os vivos e os mortos, em grave risco", alegaram as famílias no comunicado conjunto.

Esta terça-feira, o presidente norte-americano demonstrou novamente estar ao lado de Netanyahu, criticando durante um longo discurso na ONU o reconhecimento de vários países do Estado da Palestina e sublinhando que o reconhecimento recompensava o Hamas e os seus crimes.


Com LUSA