O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, apelou esta quinta-feira à Flotilha Global Sumud, que transporta ativistas de vários países que tentam entregar ajuda a Gaza, que aceite o plano de entregar a carga humanitária no Chipre, por segurança. O governante explicou que, "uma vez que deixem águas internacionais e entrem em águas de outro Estado, a segurança não pode ser garantida".
O ministro deu esta explicação perante a Câmara dos Representantes, após o último ataque de 'drones' contra a flotilha, que inclui vários navios italianos com alguns parlamentares italianos, e depois de a oposição ter ocupado na quarta-feira o plenário para exigir explicações ao Governo.
Crosetto condenou o sucedido e afirmou que era "inaceitável". Disse que "o ataque ainda não foi reclamado" e anunciou que, além da fragata da Marinha enviada na quarta-feira à noite para auxiliar a tripulação italiana, será enviada outra fragata, a Alpino.
"Garanto que o clima é preocupante. E uma vez que os navios tenham deixado águas internacionais e entrado em águas de outro Estado, não poderemos garantir a segurança", disse Crosetto, lembrando que Israel considera a missão da flotilha "um ato hostil".
"É gratuito, perigoso e irresponsável"
Por isso, o ministro insistiu, como explicou esta quarta-feira a primeira-ministra Giorgia Meloni, que a ajuda seja autorizada a chegar à equipa do Patriarcado de Jerusalém, no Chipre, sem que os participantes da missão entrem de facto na Faixa de Gaza.
"Perguntei-me: era realmente necessário pôr em risco a segurança dos cidadãos italianos para levar ajuda a Gaza? Discuti isso com os nossos parlamentares. O Governo forneceu um apoio significativo à população da Faixa, somos capazes de entregar ajuda em apenas algumas horas", acrescentou.
Sobre a flotilha, Meloni considerou que "é gratuito, perigoso e irresponsável".
"Não é necessário arriscar a vida e entrar numa zona de guerra para entregar a Gaza a ajuda que o governo italiano poderia ter entregue em poucas horas", afirmou, em declarações antes de participar na 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Flotilha conta com uma delegação portuguesa
A Flotilha Global Sumud é composta por cerca de 50 navios com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo três portugueses: a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.
Na quarta-feira, após o último ataque de drone à flotilha, Mariana Mortágua apelou a uma mobilização social em Portugal para pressionar o Governo a proteger esta missão.
"A vossa mobilização e capacidade de pressionar o governo português, que tem sido dos governos com as reações mais tímidas, mais vergonhosas até em relação à flotilha e à sua proteção, a vossa pressão é essencial para garantir a segurança desta flotilha, um corredor humanitário, e para contribuir para acabar com o genocídio", apelou Mariana Mortágua, num vídeo divulgado na sua conta oficial de Instagram.
A deputada - com mandato suspenso - recordou a mobilização em Itália, com greves e a condenação dos ataques à flotilha por parte do Governo italiano, que enviou um navio da Marinha para poder de alguma forma salvaguardar e acompanhar os barcos.
Lembrou igualmente que Espanha também já criticou publicamente os ataques e anunciou o envio de um navio militar para o caso de ser necessário dar apoio aos barcos ou fazer resgates.